quarta-feira, 23 de junho de 2010

INAUGURAÇÃO DE NICHO

Dr. José Fernandes Senna - inaugurando o nicho na E. M. Dr. Julio Gomes Senna

Dia 08 de junho de 2010 foi inaugurado na Escola Municipal Dr. Julio Gomes de Senna o nicho de vidro para exposição permanente dos equipamentos e objetos pessoais do patrono da escola o engenheiro agrônomo e pesquisador cearamirinense.
A comunidade escolar prestigiou o evento de inauguração, onde o filho do patrono da escola, Dr. José Fernandes Senna falou da contribuição que seu pai deu para a história de Ceará-Mirim através de anos de pesquisa cujo resultado foi a publicação dos livros Ceará-Mirim Exemplo Nacional volumes I e II.
Inacio Magalhães, José Fernandes e Gibson Machado
Registro de quando recebia alguns objetos de Dr. Julio Senna das mãos de seu filho José Fernandes em companhia de seu sobrinho Inácio Magalhães.
A colocação do expositor na escola foi uma conquista que já se alonga por cinco anos, desde 2006, quando conheci pessoalmente Dr. José Fernandes, temos tentado criar um espaço onde pudéssemos guardar os equipamentos e objetos pessoais de Dr. Julio Senna afim de que preservássemos o acervo, e, também, a população conhecesse sua importante contribuição para a história de Ceará-Mirim.
Meu registro ao lado do nicho de vidro na Escola M. Dr. Julio Senna
Valeu o esforço para realizar esse sonho!!!
Infelizmente não pude me fazer presente ao evento devido participar de um curso de capacitação em São José de Mipibu para a implantação do Projeto Despertar na Escola Estadual Otto de Brito Guerra do qual serei o facilitador.
Apesar da ausência, fiquei gratificado por ter sido lembrado durante as exposições da direção da escola, quando ressaltaram a nossa importância na intermediação e conclusão da montagem do mostruário, é o reconhecimento de todo nosso esforço para manter a memória de Ceará-Mirim preservada.
A diretoria da Escola Municipal Dr. Julio Gomes de Senna agradeceu em nome de toda comunidade escolar, a iniciativa do Dr. José Fernandes Senna, de instalar, com recursos próprios, o expositor na escola e, também de fazer a doação de todos os objetos expostos.
Nossa próxima meta será a criação de uma instituição cultural afim de que a memória de Dr. Julio Senna seja preservada e que o cearamirinense tenha uma referência para lutar pelos seus patrimônios histórico, cultural e ambiental.

terça-feira, 22 de junho de 2010

EVOCAÇÃO A CEARÁ-MIRIM.avi

Evocação à memória sentimental de Ceará-Mirim através de retalhos imagéticos que contam fragmentos do desenvolvimento sócio-econômico de município e, também, nos enche de recordações e lamentos por entendermos que o patrimônio cultural está desaparecimento como bruma ao vento!!!



Comentários:

Gibson, amigo:

Uma beleza de recordação, um lindo trabalho de cultuação que você faz do passado do Ceará Mirim, belo porque não passa, porquanto esteja nas retinas dos filhos, das pessoas dignas desse tempo pretérito, nos corações dos cearamirinenses, mas, também, dos filhos adotivos, dentre os quais me incluo, talvez mais como neto da cidade mágica do que mesmo um filho adotivo.

Lamentável, apenas, e deplorável, as ruínas da maioria dos engenhos, um crime de lesa-cultura, e tudo diante dos olhos passivos de quem, a exemplo das autoridades constituídas, que poderiam mover palhas na restauração desse patrimônio, dando-lhe uso parta a sua preservação, se com isso tirar a responsabilidade de todos nós, cidadãos, no caso, de pouca cidadania.

Forte abraço

Roberto Pereira
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Consegui,Hamilton ver o vídeo que o Gibson lhe enviou, muito bom!
Fiz uma viagem virtual aos engenhos, casas grandes,etc., inclusive ao Engenho Verde Nasce, sempre mais bonito ,elegante e pomposo.
Vale destacar a beleza da letra e do fundo musical,que acompanha o vídeo.
Parabéns, Gibson, pelo seu interesse ,amor e empenho de divulgar ,a cultura e a história do nosso querido Ceará Mirim.
Vi ,também ,o vídeo , com a divulgação do projeto de Tilápias,mamão e banana,por ocasião da visita do Presidente Lula ,a Ceará Mirim.
Grande abraço para todos,Neire.

terça-feira, 15 de junho de 2010

CEARÁ-MIRIM - CABOCOLINHOS 80 ANOS - 2009

CABOCOLINHOS DE CEARÁ-MIRIM


Quando era criança morava próximo à prefeitura, onde hoje funciona a Câmara Municipal. A fase juvenil foi muito agitada e percorríamos os quatro cantos da cidade que se resumiam ao Mercado – Igreja – Rio dos Homens – Rio do Balão e Rio Água Azul. Penso que muitos jovens e crianças daquela época faziam esse itinerário durante suas brincadeiras e descobertas.

Mestre Birico e Gibson Machado
Naquela época havia muitos grupos folclóricos que se apresentavam em alguns períodos festivos na cidade. Desses, recordo bem dos Cabocolinhos, descendo as ladeiras da cidade com aquela melodia tirada de uma flauta de lata, acompanhada das batidas dos surdos e dos estalos das flechas. Muitas vezes, quando criança, chorava e corria para casa com medo, pois pensava que eram índios de verdade!!
Não sabia que o destino me colocaria tão próximo daquela manifestação popular. Em 2003 tive meu primeiro contato com o mestre Birico coordenador dos Cabocolinhos. Lembro que o via passar e pensava que era um cara difícil de se comunicar e, por isso, havia uma barreira entre nós. Naquela época já conhecia o Congo de Guerra, o Boi de Reis, e o Pastoril.

Gibson Machado - Auto da Liberdade em Mossoró - 2004

A minha amizade com o Mestre teve como ponto inicial minha primeira viagem a Mossoró quando o grupo participou das comemorações do Auto da Liberdade no ano de 2004. Sempre que posso visito meu amigo e discutimos assuntos pertinentes ao grupo. Nossa última ação juntos foi a inscrição para o Premio Patrimônio Vivo do RN em 2009.
A parceria com os brincantes é uma forma de tentarmos manter o grupo em atividade, uma vez que há muitas dificuldades com relação às influências de novas culturas no grupo, através do acesso a outras manifestações modernas que se tornam mais atrativas por serem atuais.
A nova geração de brincantes precisa aprender a valorizar as tradições, pois elas existem, dentro desse grupo, há mais de oitentas anos e é inconcebível deixá-las desaparecer. É importante que aceitemos o dinamismo dos eventos culturais sem, no entanto, transformá-los em novos elementos. Por isso é preciso ensinar os novos componentes a importância da preservação do “brinquedo”, que de certa forma, é uma representação de antigas tradições indígenas de tribos que habitavam o vale do Baquipe, hoje Rio Ceará-Mirim, onde nasceu o Índio Poti.
Os componentes do grupo são, em sua maioria, formados por jovens de uma mesma família, cuja origem é na ribeira do Rio Ceará-Mirim, conhecida como baixo vale. Atualmente são conhecidos como os “Cabocolinhos da rua da Telern” devido suas residências estarem próximas a antiga sede da Companhia Telefônica do Rio Grande do Norte.
A origem do grupo é muito discutível, pois, segundo relatos dos mais antigos, iniciou na família por volta do ano 1929. Os primeiros mestres foram Joaquim Inácio e Chico Emídio.
No inicio dos anos 1960 o mestre era Sebastião Marques e o Guia Inácio Gentil. Naquela época os brincantes eram muito mais disciplinados, pois o mestre os conduzia com uma espada e, quando necessitava, organizava a estética do grupo utilizando aquele instrumento. Em 1963 o mestre Inácio Gentil assume o grupo e continua o mesmo regime de seu antecessor. Era um tempo em que as pessoas tinham o maior prazer em dançar e brincar e, por isso, faziam exaustivos ensaios e constantes reuniões para unificar e valorizar o grupo, ali discutiam os erros e novas programações.
Em 06 de janeiro de 1995 morre Inácio Gentil – o mestre Déo – vítima de trombose. O grupo fica órfão e cumpre um ritual interno de três anos sem atividade. Em 1999 o Matruá Luiz Francelino (hoje falecido) conduz uma reunião e resolvem reiniciar suas atividades quando elegem para Mestre Manoel Clemente, um dos mais antigos brincantes e para presidente Severino Roberto. Devido a problemas pessoais Manoel Clemente afastou-se e Severino Roberto – o Mestre Birico – assumiu o comando do grupo.
O grupo é composto por uma média de 42 brincantes, sendo 34 homens e 08 mulheres. Há pessoas com 60 anos e crianças com 6 anos. A variedade de idade é uma forma de manter o grupo renovado e, também, cumprir a organização hierárquica em que o mais experiente é o guia e o menor componente fica no final da fila e é conhecido como peró-mingu.
As apresentações iniciam-se com a primeira forma que é um estilo lento em que dançam e arrastam os pés preparando-se para iniciar o Baiano que é uma dança mais movimentada onde os brincantes trocam os pés e fazem movimentos em que balançam o corpo de um lado para o outro iniciando o baiano do bêbado. Há várias formas de dançar caboclo e entre elas estão o Capão, a parte de guerra, do arco, do cipó e a despedida.
Atualmente os Cabocolinhos de Ceará-Mirim são Patrimônios Vivos do RN e representarão o Estado em todos os eventos culturais no território nacional ou internacional. A preocupação do mestre Birico é manter a tradição e preservar aquela manifestação popular com todos os traços de antigamente, pois, é importante para o município que o grupo represente suas reminiscências e costumes. Espero que o futuro testemunhe nossas preocupações e não nos deixe um presente sem passado se não fizermos alguma coisa hoje, o amanhã terá um enorme vazio no âmbito de nossas manifestações culturais.

Conheça um pouco dos Cabocolinhos clicando aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=Jne0OILOEXM&feature=channel

domingo, 13 de junho de 2010

EUCLIDENOR MARTINS

Eu presenteando o amigo com meu livro Ceará-Mirim memória iconográfica

Hoje conheci pessoalmente meu amigo Euclidenor, filho de Ceará-Mirim que foi morar em São Paulo no final dos anos 1960. Ele é irmão do pai de Euds Martinelli e fazia muitos anos que não visitava sua terra natal.
Através de conversas comigo em 2008 Euclidenor localizou sua família, sua cunhada e seus sobrinhos. Ele conta que foi um dos dias mais emocionantes de sua vida, pois perdera o contato com a família e, naquele dia em que falamos, abria-se um grande caminho para sua volta e um novo relacionamento com seus familiares que ainda não conhecia.
Ainda menino, no ápice dos arroubos juvenis, trabalhou com Milton Araujo no comércio e posteriormente, trabalhou na Usina São Francisco. Alí iniciou os trabalhos transportando açúcar em carro de mão, o que fazia com muita habilidade, chamando atenção de seus superiores que, devido a todo o esforço, o premiaram com consecutivas promoções.
Nos idos de 1960, lá para o segundo quartel daquela década, Euclidenor recebe uma proposta, talvez seu maior desafio, de ir para São Paulo com Miguel Santana e seu filho Expedito Santana, que fazia transporte de carga para aquela cidade. Viajou por oito dias sentado no capô do motor do caminhão.
Chegando a cidade de São Paulo ficou por trinta dias cuidando do quarto em que se hospedara com o filho de Miguel Santana e outros dois rapazes. Certo dia recebeu uma proposta para trabalhar com um português que tinha comércio ali perto. Posteriormente um amigo o levou para trabalhar em uma empresa transporte urbano intermunicipal Expresso São Bernardo. Iniciou suas atividades como cobrador, fiscal de linha e finalmente sub-chefe de tráfego. Sua permanência na empresa durou nove anos. Em 1972 inciou o curso de Assistente de Monitor em uma escola industrial, concluindo o mesmo em 1975, ano em que pediu demissão da empresa e foi em busca de melhores condições de trabalho. em 1975 empregou–se na Mercedes Benz trabalhando como inspetor de qualidade, saindo em 2002 como auditor de qualidade, realizando diversas auditorias e qualificações no exterior.
Do Ceará-Mirim de outrora tem muitas recordações principalmente dos lugares em que viveu e trabalhou, recorda do Boinho de seu Agenor, a loja de cal de Milton Araújo, porém, o que mais representou na sua breve estadia na cidade foram os ensinamentos de Tenente Djalma Ribeiro. Aprendeu muito com o Mestre, principalmente princípios básicos de cidadania em que o respeito e a responsabilidade estavam acima de qualquer coisa.
Foi discípulo do saudoso tenente quando era o representante do grande desbravador Baden Power, pioneiro no escotismo, e criou em Ceará-Mirim, no inicio dos anos 1960, o grupo de escoteiros São Jorge, cuja sede ficava em uma residência ao lado do velho sobrado dos Antunes Pereira, hoje Solar Antunes - sede da prefeitura.

Tenente Djalma e o Grupo de Escoteiros São Jorge em frente a sede - década de 1960

Nessa casa nasceu o engenheiro Julio Gomes de Senna

Da visita de meu amigo fica a saudade e a satisfação de conhecer pessoa tão interessante. No pouco tempo em que conversamos aprendi a gostar dele e respeitá-lo, pois uma amizade sincera é muito difícil nessa atualidade maluca e globalizada. Espero que continuemos a nos comunicar sempre e que ele, seja mais um baquipiano a divulgar nossa terrinha nesse Brasil varonil de tanta diversidade.
Amigo Euclidenor obrigado pelas visitas: aos seus familiares, à sua cidade natal e a esse seu amigo cibernético que sempre estará disposto a lutar pelo bem da memória de nossa província verde aquarelada. Foi uma grande satisfação conhece-lo pessoalmente e obrigado também pelas fotografias e músicas.

sábado, 12 de junho de 2010


CARICATURA GIBSON MACHADO



PROFESSOR GIBSON MACHADO


Ao conhecer o professor
No entanto só de inglês
Nunca imaginei por nada
Isso confesso a vocês
Que esse cara seria
Quem sabe um dia
Meu amigo de vez.


Quando eu estudava
No Edgar Barbosa
Lá não tinha Arte
Nem verso, nem prosa
Quando eu imaginaria
Que esse professor seria
Um artista de sobra.


Foi quando conheci
Esse amante das Artes
Da cultura e folclore
De todas as partes
Esse é Gibson Machado
É um cabra danado
No meio das Artes


Um cara sensível
Em tudo que faz
Desenho, foto, tela
Livro, poesia e mais
É escritor, historiador
Com muito louvor
Do nosso vale de PAZ.


Um abraço ao amigo
Que muito me inspira
Que Deus o abençoe
Também sua família
E continue assim
Aqui em Ceará-Mirim
Seguindo essa trilha.



fim
Amigo Euds obrigado pela homenagem. Não sei se sou merecedor de tamanho carinho, no entanto, temos muito que contar desse caminho artístico que iniciamos juntos no início dos anos 2000. Sempre que tenho oportunidade falo sobre sua arte, sobre sua pessoa... um cara de índole ímpar, prestativo. Sempre que foi solicitado nunca deixou de contribuir para ajudar a criar nossas quimeras culturais. É isso, temos uma responsabilidade sobre nossos ombros: não deixar que nossas tradições e memória caiam no esquecimento. Obrigado.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

CORPUS CHRISTI na província do Baquipe

ltar mor da Matriz de Nossa Senhora da Conceição

"Corpus Christi", em latim, significa "corpo de Cristo". Trata-se de uma festa móvel católica que celebra o milagre da transubstanciação. Para o catolicismo, Cristo se transforma no pão (a hóstia), que se torna seu corpo, assim como o vinho se converte em seu sangue. A festa era uma das mais pomposas procissões católicas em Portugal e foi trazida para o Brasil pelos colonizadores, no século 16.
Artista plático Cícero Marques (de boné)

Aqui, numa carta de 9 de agosto de 1549, o padre Manuel da Nóbrega escreveu: "Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal". (Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931).
O costume de enfeitar as ruas surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais. No sul do Brasil, chegou com os imigrantes açorianos. Nas cidades que preservam a tradição, é comum ornamentar as ruas por onde passará a procissão com um tapete desenhado com serragem tingida, palha, borra de café, areia e grãos. Toda população participa do trabalho e o resultado é um grande mosaico, com símbolos cristãos, locais e nacionais, compondo uma obra de arte altamente efêmera, pois ela vai durar apenas até a passagem dos devotos.
A história da festa de Corpus Christi

Jovens montando os mosaicos

A festa de Corpus Christi é uma das mais antigas do catolicismo em todo o mundo. Foi instituída pelo papa Urbano 4°, em 1264, para ser celebrada na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, que ocorre, por sua vez, no domingo seguinte ao de Pentecostes. Segundo a tradição, ele recebeu o segredo das visões da freira Juliana de Mont Cornillon.
Mosaicos na Rua Dr. Meire e Sá

Juliana nasceu em Retines perto de Liège, Bélgica em 1192. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras agostinas em Mont Cornillon. Aos 17 anos começou a ter visões, que retratavam uma lua cheia com uma mancha escura. A Igreja interpretou a mensagem como sendo a ausência de uma festa para a eucaristia no calendário litúrgico. Eucaristia é justamente o sacramento católico que, através das palavras do padre, promove a transubstanciação.
Rua Dr. Meire e Sá vista da torre da igreja
O segredo de Juliana

Em 1230, Juliana confidenciou esse segredo ao arcediago de Liège, que 31 anos depois se tornaria o Papa Urbano 4°, que exerceria o cargo entre 1261 e1264. A confirmação da intenção da festa veio com um milagre que teria acontecido em Bolsena, na Itália, em 1263 ou 1264, quando um sacerdote que celebrava a missa teve dúvidas sobre a veracidade da transubstanciação. Acredita-se que, em seguida, sangue tenha escorrido da hóstia no momento em que o sacerdote a partiu. Hoje, uma mancha de sangue existente no altar da mesma igreja é atribuída a esse momento.
Juliana morreu em 5 de abril de 1258 e foi canonizada em 1599 pelo papa Clemente 8°. O decreto de Urbano 4° teve pouca repercussão, mas se propagou por algumas igrejas, como em Colônia, na Alemanha, onde o "Corpus Christi" foi celebrado antes de 1270. A festa tomou seu caráter universal definitivo a partir de 1313 com a sua confirmação pelo papa Clemente 5°.
A confecção dos mosaicos com painéis temáticos em Ceará-Mirim era um sonho de Marcos Aurélio – o Marquinhos - desde 2007. Em 2008 ele confeccionou o primeiro painel em frente a sua residência à rua Dr. Meire e Sá. Em 2009 com a colaboração com alguns amigos e fiéis ornamentaram as ruas por onde a procissão passava com bandeiras.

Este ano de 2010, igreja e fiéis, juntaram-se para confeccionarem um grande conjunto de mosaicos temáticos ao longo da rua Dr. Meire e Sá, percurso da procissão de Corpus Christi. A iniciativa foi muito louvável, pois proporcionou a criação artística coletiva, através o envolvimento abnegado das pastorais, irmandades e grupos de jovens sob a coordenação do artista plástico e acadêmico de arquitetuta Cícero Marques. Os painéis ficaram simplesmente encantadores, mostrando que é possível grandes realizações quando a coletividade está acima das dificuldades.
Trajeto inicial da procissão pela Rua Dr. Meire e Sá

A procissão estava muito organizada e as pessoas ficaram encantadas com os painéis na rua, infelizmente, talvez pela falta de hábito, em determinado momento, a multidão não respeitou as obras artísticas e a usaram como um tapete mágico que era acompanhada – FELIZMENTE - por um dos maiores patrimônios histórico e cultural de Ceará-Mirim, a Banda de Música Tenente Djalma Ribeiro.
Esperamos que a criação artística dos mosaicos temáticos se torne tradição no dia de Corpus Christi nos próximos anos. É mais um complemento que envolve a população e complementa as ações cristãs desse dia que é um dos mais importantes da igreja católica.
Parabéns aos novos sacerdotes, as equipes e a todos que ajudaram neste evento de tão significação religiosa.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/cultura-brasileira/ult1687u14.jhtm

terça-feira, 1 de junho de 2010

COMENTÁRIO DE MARIZA ROQUE

GIBSON

Esta é para você!
Para agradecer ao amigo que não ressurgiu na minha vida por acaso quando minha filha Edvane lhe enviou a poesia “Ceará-Mirim meu Amor” e que você publicou no seu blog. Daí por diante, comecei a pensar na possibilidade de criar o meu próprio blog. O que fiz e que graças a Deus me deixou muito feliz, pois teria um meio virtual de tocar o coração das pessoas mesmo sem conhecê-las (a maioria). Sentia necessidade de dar expansão a este meu singelo pendor literário. Através do blog fiz muitos amigos, renovei amizades e fiz muitos fãs como você disse. Recebi excelentes comentários e senti a presença de muitos que curtiram calados, porém identificados com o meu escrever.
Depois vieram os reveses da vida e perdi “Autorretrato” mas que, ainda continua (mesmo parado) através de pessoas que acessam o seu blog.
O Autoretrato 2, minha nova criação, também passou por um processo de silêncio causado por motivos de saúde. Foram 4 meses de ausência e também não consegui me comunicar com muitas pessoas para dar o novo site. Enviei e-mails para aquelas que comentavam através de seus endereços e, no entanto, poucos foram notificados.
E você, como sempre, está presente... me incentivando a continuar. Por isso, quero lhe agradecer e dizer que você é uma pessoa muito especial e tem um coração muito bondoso, dizendo sempre as palavras necessárias que traz de volta a nossa confiança! Desejo que sejas sempre muito feliz com a sua família que por sinal é muito linda (já vi fotos). E parabéns pelo filho Rafael já mostrando que vai ser um grande filho de Ceará Mirim.

Abraços da amiga, Mariza Roque.

OBS – Peço, colocar no seu blog o meu novo endereço:
“www.marizaroque2.zip.net” (estou sentindo a falta dos meus amigos).

MARIA ALICE BRANDÃO

Conheci Alice Brandão há alguns anos. Ainda menino a via passar em direção ao casarão de sua família, construído nos idos de 1940 pelo Mestre Manoel Marques. Sempre a admirei e, naquela época, não era ainda artista conhecida. Sua mãe, sim, era a maior artista plástica da província baquipiana de seu tempo.
Alice saiu de Ceará-Mirim, sua cidade Natal, e aventurou-se por este Brasil gigante onde tentou vencer seus próprios desafios interiores, desenvolver sua espiritualidade e aperfeiçoar a sensibilidade artística, característica da família materna.

Retrato do folclorista potiguar Luis da Câmara Cascudo pintado por Alice

Andou por muitas terras e, na maioria das vezes, não se adaptou. Sempre que isso acontecia alguma desculpa era criada para justificar os desacertos e nunca parava para fazer uma autocrítica. A própria artista acredita que a crítica é perigosa e pode ferir o orgulho do indivíduo, alcançando o seu senso de importância e gerando ressentimentos.
Anos de experiências e algumas desilusões ensinaram que é necessário rever velhas opiniões, convicções, alentos e temores. As lembranças e análises de ações pretéritas a fazem compreender atitudes levadas pelo entusiasmo juvenil, por isso, hoje, tem como orientação, se criticar e empregar suas experiências e conhecimentos no cotidiano para tirar boas lições de vida.
A menina Alice não se adaptava às orientações da família, e, também, ao cotidiano pacato da pequena cidade cujo jeito de viver era plenamente conservadora. Por esta razão nunca procurou conhecer sua terra profundamente e participar de sua vida social.
Suas atitudes criaram interiormente uma antipatia sobre sua cidade natal, ofuscando suas belezas, o cotidiano e a própria vida social, principalmente quando participava de reuniões com a família em que eram narradas histórias hilariantes, ouvia casos do sofrimento dos negros nas senzalas e do preconceito senhorial, cujos poder e ganância eram prioridades de uma classe alta, burguesa, em detrimento do sofrimento de seres humanos considerados inferiores. Tudo isso criou uma revolta contra tudo e todos.
Sua memória era aguçada pelo cheiro da cana, do bueiro das usinas, do manto preto de pó... de folhas queimadas, cuja consequência era o aumento de crianças e adultos com problemas respiratórios em intermináveis filas na porta do hospital e as incansáveis reclamações das donas de casa e habitantes pela sujeira causada pela fuligem das velhas chaminés.
As lembranças da artista estavam pautadas em gritos de cativos africanos, no ranger das moendas inglesas de antigos engenhos, cujo caldo de cana era misturado ao sangue, suor e óleo, fazendo funcionar uma enlouquecida e sofrida engrenagem humana.
Essa desagradável situação virou um velho hábito para ressuscitar suas recordações em que o grito que ecoa não é mais o escravo de antigamente, mas daqueles que mata a fome da ignorância, da pobreza... dos que dão a chance de sobrevivência aos trabalhadores braçais e usurpam sua liberdade para fortalecerem seus patrimônios numa nova forma de escravidão em que os serviçais ganham parcos salários levando uma vida miserável.
Dos tempos de antigamente, do Ceará-Mirim senil, recorda uma terra lendária, cheia de tradições aristocráticas, tradição rural, de idolatria, da Padroeira Nossa Senhora da Conceição... recebendo muitas Marias da Conceição em seu dia 08 de dezembro. As famílias primitivas: Os Carrilhos, Cavalcantis, Antunes, Basílios, Varellas, Pereiras, Pachecos, Sobrais, Oliveiras, Machados, Cid (seus avós) e Brandão do Patriarca Dr. Oscar Brandão, seu avô paterno.
São memórias guardadas da época em que as babás contavam histórias e lendas acontecidas no período áureo da cana de açúcar, quando as senhoras de engenhos, como Dona Domdom, queimava as negras com um ferro de passar roupas, quando estas tostavam seus vestidos ou Dona Antonia Viana, primeira esposa de Zumba do Timbó, quando mandava pregar os lóbulos das orelhas de suas escravas e depois as chamava para que parte de seu corpo ficasse no prego. Suas malvadezas proporcionaram a lenda de que em seu túmulo habitava uma serpente metamorfoseada de seu corpo inerte e sempre o ofídio místico lutava para romper as paredes do túmulo tornando-os permanentemente com rachaduras.
No período de sua permanência quando criança na Antiga Boca da Mata guarda os passeios com seu pai, o empresário Cleto Brandão, na feira livre de Ceará-Mirim, a conversa da gente do interior, o colorido de frutas e verduras, o cheiro da feira... uma babel multicolorida entrecortada de estreitos labirintos que jamais esquecerá.
Minha relação com Alice se deu em três momentos distintos. No primeiro a conheci através de sua obra e daqueles instantes relâmpagos em que nos cruzávamos na rua. O segundo momento foi em 2000 quando o artista plástico cearamirinense Vilela realizou uma vernissage e fui um de seus colaboradores. Foi nesse evento que a conheci pessoalmente, conversamos e trocamos muitas gentilezas, pois a mesma também gostaria muito de me conhecer pelos trabalhos que já fazia com cultura naquele tempo. Depois disso não nos vimos mais, ela foi embora de Ceará-Mirim, e ficamos por um longo período sem nos comunicar.
A internet tratou de nos aproximar novamente e passamos a nos comunicar frequentemente. Quando fazia meus singelos ensaios fotográficos e publicava em minha página do Orkut a artista, quando achava conveniente, usava uma das fotos como modelo para seus conhecidos quadros, ora realistas e ora picassianos o que me enchia de orgulho, pois era parceiro artístico de Alice Brandão atualmente ícone da pintura brasileira, reconhecida nacional e internacionalmente pela sua obra de mais de quinze mil quadros.
O terceiro momento que nos vimos foi em janeiro de 2010 quando a “Picassa” tupiniquim visitou nosso ubérrimo vale aquarelado. Marcamos um encontro relâmpago no qual fui presenteado com três de suas obras. Dentre as telas da artista estava uma de enorme valor histórico e cultural, pois era o retrato do famoso e temível Zumba do Timbó, coronel e senhor do engenho Timbó. Esse foi um presente especial que irá para a Galeria Municipal no dia em que o poder público, através de seu representante legal, se conscientizar e construir para Ceará-Mirim um Memorial em que a população possa conhecer sua história e sua cultura através de trabalhos artísticos, equipamentos, objetos, fotografias de seus antepassados.

Retrato do Coronel Zumba do Timbó - senhor do Engenho Timbó - pintado por Alice

Falar da Arte de Alice é uma responsabilidade indescritível, pois ela está acima de minha capacidade provinciana, no entanto, lembro das primeiras telas que vi, uma natureza morta, cujas frutas pareciam verdadeiras e os efeitos de luz e sombra vivificavam cada uma delas. A outra, uma paisagem de uma casa de campo onde podíamos sentir o cheiro do mato, ouvir a sinfonia dos pássaros e o borbulhar da água. Posteriormente percebi outras obras indiscutivelmente primorosas que eram retratos de pessoas de Ceará-Mirim.
Atualmente nossa Picassa não precisa de apresentações, pois seu talento é reconhecido por grandes nomes da arte potiguar e brasileira e suas exposições são verdadeiros passeios em que a fruição do espectador é concentrada em verdadeiras obras cuja criação é inovadora e diferenciada ou realisticamente fiel aos grandes gênios renascentistas ou impressionistas, depende do tema trabalhado.

Para conhecer parte da obra da artista e um pouco de sua biografia acesse o blog de Ceicinha Câmara:

http://nlusofonia.blogspot.com/2010/05/homenagem-artista-plastica.html

e quem interessar fazer contato com Alice e conhecer melhor sua obra acesse:

malice.bezerra@hotmail.com

licinhabrandao21@gmail.com

alicebrandao21@yahoo.com.br

Blog: http://licinhabrandao.multiply.com/