sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PAPEL RECICLADO - RECICLARTE


Em 28 de outubro de 2010 - iniciamos a experiência com reciclagem de papel na Escola Estadual Professor Otto de Brito Guerra, localizada no município de Ceará-Mirim/RN - O projeto foi idealizado pelo profesor de arte Gibson Machado em parceria com a Escola e o Ministério Público, através do promotor de justiça Dr. Antonio de Siqueira.

PROJETO RECICLARTE
O PAPEL ARTESANAL E SUA UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL

O papel desempenha um fator chave na cultura e na difusão da informação. Produzido a partir de um recurso natural renovável, como é a madeira, que permite a sua reutilização, bastando para isso que se proceda á sua recolha seletiva.
O papel tem como matéria-prima principal a madeira. Esta é constituída principalmente por lenhina e por celulose e é a partir desta última que se faz a pasta que irá dar origem ao papel. As fibras de celulose para a fabricação de papel podem provir nomeadamente do algodão (90 % ou mais de celulose), da madeira (60%), de palhas de cereais (50%), sendo a seleção da matéria-prima função do produto final a obter. Na sua fabricação intervêm também outros produtos, como resinas e colas (aumentam a consistência, a resistência à umidade e às tintas0, sais de alumínio (fixam as resinas à celulose), cargas (inertes), como o carbono de sódio (aumentam o peso e dão mais consistência), e corantes.
A reciclagem do papel constitui atualmente um processo importante no quadro econômico da produção papeleira, permitindo a reutilização de papéis velhos através da sua incorporação como matéria-prima fibrosa na fabricação de papel, além da questão da educação ambiental.

A introdução de uma oficina permanente de reciclagem de papel na Escola Estadual Professor Otto de Brito Guerra no Ensino Médio é de vital importância uma vez que a mesma está inserida em uma área de vulnerabilidade social e, desta forma, a inclusão dos alunos no projeto proporcionará uma nova visão com relação à preservação do meio ambiente e, principalmente, com a produção do papel através do lixo e de fibras vegetais pesquisadas, oportunizando um novo campo de empreendedorismo uma vez que a produção poderá ser comercializada na comunidade através de exposições e feiras realizadas periodicamente na escola.
A preocupação em preservar o meio ambiente criou uma demanda por produtos renováveis e processos de reutilização de materiais descartáveis. A reciclagem do papel pode viabilizar a diminuição do lixo e, também, proporcionar novas formas de utilização de produtos descartáveis. Assim, os principais fatores de incentivar a reciclagem de papel, além de econômicos são:
- A preservação de recursos naturais (matéria-prima; energia; água);
- Minimização da poluição;
- Diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros.
- A educação ambiental nas séries do Ensino Básico.
O principal objetivo do projeto e transmitir aos educandos a técnica da reciclagem de papel favorecendo reflexões e discussões sobre temas da educação ambiental e o que a partir disso pode ser vivenciado no cotidiano das crianças, jovens e adultos, bem como utilizar o papel reciclado e outros materiais reutilizáveis como processo artístico e criativo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

AULA DE CAMPO

Em 26 de outubro de 2010 a Escola Vovó Mulata, localizada na cidade de João Câmara, visitou Ceará-Mirim com uma turma do 9º ano. Fui solicitado pela coordenadora pedagógica da escola para recepcionar e acompanhar (voluntariamente) a turma durante a visita.
O objetivo da aula de campo era o desenvolvimento da economia canavieira no vale do Ceará-Mirim, que está sendo estudado na escola para a apresentação durante a feira de conhecimentos que se realizará em 12 de novembro próximo.
O percurso da viagem foi iniciado pelo primeiro engenho de Ceará-Mirim, o Carnaúbal, fundado por volta de 1840 pelo português Antonio Bento Viana.
A segunda parada foi nas ruínas da casa grande do Guaporé. Ali os alunos desceram e visitaram o velho casarão. É impressionante como o descaso com aquele solar chama a atenção de todos que o visitam. Os adolescentes ficaram indignados com o cenário tenebroso que viram: sujeira, destruição, indícios de magia negra, um verdadeiro abandono de um patrimônio tão importante para a memória de Ceará-Mirim.
Visitamos outros engenhos como o Verde Nasce e o Mucuripe e, infelizmente, não tivemos acesso às suas dependências.
Engenho Verde Nasce

Dentro de nossas limitações fizemos o máximo para proporcionar àqueles jovens um dia onde puderam conhecer novos fragmentos históricos que ajudaram na construção de nosso Estado e, também, de nossas cidades.
É muito triste fazermos uma viagem com estudantes ou visitantes pelos pontos históricos e não termos como recepcioná-los em equipamentos apropriados para isso.


É difícil contar a história de nossa cidade se o que temos para mostrar como testemunhos, são ruínas, sujeira, abandono, descaso, falta de estruturas, em fim, nada agradável aos olhos de quem nos visita.
Há prova mais concreta do abandono de nossa memória é o painel pintado por José Lemos que se encontra encostado à parede da antiga estação há um ano, exposto a todas as intempéries do tempo e, também, ao vandalismo.
Sei que é muito difícil recursos para esse “fim”, mas, o mínimo que poderíamos fazer, era acondicioná-lo num lugar protegido, na esperança de restaurá-lo no futuro, senão, terminará como o primeiro painel pintado pelo espanhol em 1904, que está “dobrado” e “jogado” ao ar livre, no dique onde lava os carros da igreja. Esse painel tinha sido coberto de jornais e guardado dentro da matriz!!! Esse painel teria 106 anos se tivesse sido conservado.
Meu amigo Waldec, diretor da Fundação Nilo Pereira, é um “exímio” restaurador de importantes obras em igrejas de todo o Nordeste, principalmente, na cidade de Salvador. Sua experiência e profissionalismo nessa área, o autoriza a iniciar uma mobilização para buscarmos meios para as restaurações dos três painéis do teto da igreja.

Painel do Coração de Jesus

Sei que a matriz passa por muitas dificuldades e o novo vigário não tem condições de manter todos os serviços de que o templo necessita (com muita urgência). Então, a sugestão é de que juntemos todos os artistas (que são muitos) e arregacemos as mangas para iniciarmos o processo de restauração daqueles painéis, inclusive, podemos contar, ainda, com o autor das obras, meu velho amigo, José Lemos.

Primeiro painel pintado pelo espanhol em 1904

Nosso grande problema é reclamar do que achamos que está errado, no entanto, ninguém se coloca à disposição para dar o primeiro passo em busca da salvação desses patrimônios culturais, ou sugerir soluções “viáveis” e “possíveis” para resolver a questão. Taí o mote: Quem dá o primeiro passo??? Eu dou: se cada um de nós levarmos o pincel e a tinta, acho que é possível fazer um grande “estrago”... Melhor que deixá-los abandonados no iminente estado de deterioração como estão atualmente.
É importante pensarmos em 2014, ano da Copa do Mundo. Ceará-Mirim é a cidade mais importante da Grande Natal. A única que tem todos os equipamentos turísticos para recepcionar aqueles que visitarão Natal: Litoral belíssimo e atraente pelos seus recursos naturais como olheiros, lagoas, praias, dunas, florestas. Turismo Cultural... somos a única cidade do Estado do RN que têm os quatro mais importantes autos populares: Boi de Reis, Pastoril, Cabobolinhos e Congada, todos fazendo referências à miscigenação pluriculturais de nossas raízes, ora fazendo louvações ao menino Deus (pastoril), ora fazendo bailados, danças e dramatizações referentes as tradições indígenas e encenações de lutas medievais entre mouros e cristãos através da congada do Congo de guerra, dança folclóricas de raízes europeias e africanas, principalmente, africana, quando fazem encenações de guerra entre a rainha jinga (soberana) africana contra seu irmão Henrique Cariongo e, finalmente o turismo histórico através dos casarios e engenhos.
Quando os paineis foram substituídos em 1956 Milton Varella - dono do engenho Igarapé - se ofereceu para trazer e patrocinar (como sempre fazia nas obras da matriz) um amigo do Rio de Janeiro para pintar os novos painéis. O vigário da época,Celso Cicco, valorizando o artista da terra, recusou a oferta e mandou Julio Lemos e seu filho Jose Lemos fazerem o serviço. O amigo de Milton Varella era artista Cândido Portinari!!! Eu pergunto: Se os painés fossem obra de Portinari será que estariam abandonados??? Bom pra refletir.

RUÍNAS DO ENGENHO CRUZEIRO

RUÍNAS DO ENGENHO CRUZEIRO, CASA GRANDE E A CAPELA

O Engenho Cruzeiro em Ceará-Mirim, foi fundado pelo inglês Samuel Bolshaw, natural de Manchester, onde nasceu em 1838. Em 1870, aquele súdito britânico já se encontrava na nossa Província, quando, a 19 de maio, contratou com o Presidente Silvino Elviro Carneiro da Cunha, o transporte de cargas e reboque de navios, a ser desenvolvidos no Rio Potengi mediante um barco a vapor, moderno e devidamente aparelhado. Mr. Bolshaw era sócio, no empreendimento, de Afonso de Paula Albuquerque Maranhão. À falta de capitais suficientes, o empreendimento não pôde ser devidamente concretizado. Em 1872, Samuel Bolshaw encontrava-se na vila do Ceará-Mirim, casando-se com D. Joaquina, filha de Victor José de Castro Barroca, senhor do tradicional Engenho “Verde Nasce”. Foi então que o britânico fundou o Engenho Cruzeiro, no vale do Ceará-Mirim, e hoje, foi demolido.
O mecanismo inteiramente novo implantado por Bolshaw no seu engenho, teve influência modificadora nos equipamentos açucareiros da fértil região. Mr. Bolshaw foi o responsável por grandes plantações canavieiras, nos vales do Maxaranguape, Punaú e Fonseca.
Do Ceará-Mirim, o dinâmico britânico transferiu-se para Goianinha e Arês, onde também criou centros de produção. Sua ação logo atingiu a ilha do Maranhão, no município de Canguaretama.
Bolshaw tornou-se um homem exclusivamente do campo, não tendo sido atraído pela vida mais fácil da capital. Sua descendência perpetuou-se no Brasil, através dos casamentos de suas filhas.
Samuel Bolshaw faleceu na então vila de Arês, aos 9 de julho de 1899. Com apenas 61 anos, achava-se esgotado pela batalha vital. Câmara Cascudo visitou, há muitos anos, o túmulo do dinâmico súdito de Sua Majestade Britânica, existente no cemitério de Arês.
Sintetizando a personalidade de Mr. Bolshaw, Câmara Cascudo assim o descreveu: “Era homem de imaginação prática, trabalhador inesgotável de planos, com iniciativas e esforços no terreno econômico, merecedor de recordação”.

A Casa-Grande do Engenho foi construída no final do século passado, concluída provavelmente em 1899, segundo a inscrição existente na fachada. Trata-se de um prédio de relevante interesse arquitetônico. Desenvolve-se sobre um porão alto, com forro de madeira, que constitui o piso do pavimento superior.
O prédio, de grandes proporções, apresenta uma fachada bastante vazada por portas e várias janelas, todas em vãos de vergas retas. As janelas são compostas de duas folhas de madeira pintada, com bastantes bandeiras de vidro.
A casa possui cobertura com duas águas, apresentando frontões triangulares e platibanda com ornamentos de massa, arrematada por cornija. O interior da casa conserva ainda o antigo piso de tijoleira, e tabuado corrido sobre o porão.
Apesar de manter a mesma grandiosidade de sua volumetria e a mesma distribuição interna, é bastante precário o seu estado de conservação. Apresenta-se a casa abandonada, praticamente em ruínas. Algumas de suas paredes já desmoronaram.

A Capela do engenho foi edificada ao lado da residência, em 1904, pelo então proprietário do engenho, o coronel Francisco José Soares. Trata-se de um sólido edifício, de relevante valor arquitetônico, desenvolvido em um único pavimento. O templo apresenta partido de planta cruciforme, em cujo trancepto foi construída uma cúpula. A nave principal da capela possui cobertura de duas águas, apresentando na fachada um frontão triangular ladeado por duas torres abertas para superior, por grandes arcadas com cercaduras e colunatas de massa. A cobertura dessas torres foi confeccionada em forma de pirâmide.
O acesso à capela é valorizado por uma escadaria, possuindo uma porta central em vão de verga reta, encimada por dois óculos, além de uma pequena janela e um ninho. As capelas laterais também apresentam cobertura de duas águas, com telhas de cerâmica.
O templo mantém as mesmas características de sua fábrica original, tanto em relação a sua volumetria, quanto à sua distribuição interna. Apenas uma modificação foi introduzida: a substituição de quatro vitrais nas fachadas laterais, por janelas de madeira.
O piso do templo é revestido de cimento e tijoleria, apenas na capela-mor. Possui colunas internas com acabamento esmerado. O madeiramento de estrutura da cobertura foi cuidadosamente selecionado, tendo sido utilizadas peças de madeiras, caprichosamente trabalhadas, na confecção das tesouras.
Ainda é realizada missa uma vez por mês, pelo vigário Cônego Rui Miranda e é regular o seu estado de conservação. A casa-grande e a capela do engenho cruzeiro em Ceará-Mirim formam um conjunto arquitetônico de expressivo valor, que merece ser contemplado com recursos suficientes para a sua estabilização, evitando-se assim um iminente desmoronamento, o que representaria uma lastimável perda, para a cultura e a memória do Vale dos Canaviais.

Fonte: O Poti - Jeanne Fonseca Leite Nesi - 07/08/1991

domingo, 24 de outubro de 2010

CAPELINHA DO CRUZEIRO

Quando voltava de minha visita à Aningas encontrei a capelinha do engenho Cruzeiro aberta. Fiquei curioso e parei para fotografar e entrar na mesma. O por do sol estava convidando para o registro e não podia deixá-lo na mão.

Na capela havia um casal que estava cuidando e limpando. O rapaz aproximou-se e disse que tinha pintado o predio há dois meses e faltava colocar energia elétrica para que a comunidade frequentasse o templo.
Solicitei que ele fizesse o orçamento que eu encamparia uma campanha para ajudá-lo a preservar aquele patrimônio cultural de nossa cidade que foi construído em 1904 pelo tenente coronel Onofre José Soares.
Fiquei impressionado com a determinação daquele rapaz e da senhora que o acompanhava. É preciso que nos empenhemos para ajudá-los na pequena reforma da igrejinha. Depois de pintada ela ficou ainda mais bonita. Parece aquelas capelinhas de novela.
Ele falou que estava formando um grupo de jovens da comunidade para envolvê-los nos eventos religiosos da igreja cujo padroeiro é São Francisco e, provavelmente, esses jovens possam lutar pela sobrevivência do templo que tem tanta história entre suas paredes, principalmente, na parte de trás onde existe um pequeno cemitério da família Soares.
Quem se interessar em ajudar a capelinha entre em contato comigo para podermos pensar numa forma de reerguer o templo centenário.

LAGOA DO CORAÇÃO

Há algum tempo venho planejando conhecer a Lagoa do Coração localizada no distrito de Aningas. Hoje foi o grande dia, resolvi ir de encontro à tão falada lagoa. Meus alunos residentes naquela comunidade falam constantemente de suas belezas naturais. Ao chegar em Aningas fiquei muito surpreso pelo abandono da comunidade. Dá a impressão que não é distrito de Ceará-Mirim.
Todos os vereadores de Ceará-Mirim têm voto naquele distrito, no entanto, não há um benefício que justifique os votos recebidos pelos edís. A BR 101 fica em torno de dois quilômetros da comunidade e a estrada é de terra, muito esburacada. No centro da comunidade as ruas são muito desiguais, e a água servida corre pela rua indo desaguar num pequeno riacho. Tá na hora da população se organizar e reivindicar melhorias para a comunidade, pois é dever da prefeitura proporcionar o mínimo necessário para uma vida digna daqueles cearamirinenses e brasileiros que vivem isolados e esquecidos pelos poderes legislativo e executivo.
Em contrapartida, a natureza, através do criador, proporciona uma das maiores belezas naturais do município: A Lagoa do Coração. Incrustada entre dunas e vegetação típica do litoral. Na mata é possível encontrar frutos nativos como Cambuim, Guabiraba, Massaranduba, Ubáia, Mangaba, Ameixa selvagem, Caju, além de flores belíssimas quase imperceptíveis.
De acordo com o IDEMA 1996, ela encontra-se sobre o aqüífero Barreiras que se apresenta confinado, semi-confinado e livre em algumas pontos. Esse aqüífero é constituído por sedimentos geralmente arenosos com alta permeabilidade, que possibilita armazenar água de boa qualidade.
O relevo da área em curso é formado por dunas vegetadas constituídas por Areias Quartzosas marinhas (Neossolos Quartzarênicos marinhos), originado pela ação dos ventos locais, que modelam a fisiografia daquelas lagoas naturais.
Há algumas lagunas em torno da lagoa maior e, todas, infelizmente, estão vazias devido a falta de chuva. A do Coração mantém um bom volume de água, mas, nota-se que seu volume hídrico está bem abaixo do crítico, pois a água é muito quente.
É importante registrar que aquela área é Reserva Florestal protegida pelo Exercito Brasileiro, talvez por isso, esteja ainda virgem e não tenha sido degradada e poluída por visitantes indesejados, embora haja pequenos vestígios da devastação humana com pequenas queimadas para fabricação de carvão.
A Lagoa do Coração tem uma beleza indescritível, é um paraíso incrustado no meio das dunas, lá, parece que o tempo não existe, ou desejamos que ele não passe e estacione para que nossa vivência se prolongue até o nunca... Minha visita também tinha o objetivo de entrevistar uma figura popular da comunidade, mas, permanecemos muito tempo a lagoa e ficou inviável a conversa. Vou voltar outro dia para continuar a pesquisa com alguns moradores antigos da comunidade e quem sabe, não contamos sua história e, a partir daí, as pessoas tenham um olhar diferenciado para aquele recanto de nossa terra.
A visita não seria possível se não fosse a recepção calorosa da família de minha aluna Andeirle, seu pai, sua mãe e irmão, que me receberam muito bem, me acompanharam até a lagoa e proporcionaram um bom e saboroso camarão que degustei acompanhado de suco de limão com cenoura, uma verdadeira delícia.
Ainda é possível encontrar meninos nativos caçando com baladeiras e armando arapuca para pegar passarinho, uma tradição indígena que está desapacendo.
As fotos da visita à Lagoa do Coração estão postadas no álbum do orkut:

http://www.orkut.com.br/Main#Album?uid=6407861483136005716&aid=1287942930

sábado, 23 de outubro de 2010

SEMINÁRIO DA UVA - CEARÁ-MIRIM

Professora Cidinha e Professor Gibson Machado - matando a saudade


À medida que ficamos mais experientes vamos abrindo a sensibilidade e as emoções fluem com mais facilidade e já não temos mais o controle de nossos sentimentos, basta algo provocante ou saudosista, para que travemos as palavras e fios de lágrimas teimem em escorrer pelos nossos rostos.
Convidado para falar sobre os grupos folclóricos de Ceará-Mirim em uma turma de Pedagogia da Universidade de Acaraú – UVA iniciei minha exposição falando sobre a apresentação anterior à minha, que tratava da importância dos movimentos sociais na administração de Djalma Maranhão, principalmente, o “De pé no chão também de aprende a ler”.
Relatei minha experiência no projeto Mova Brasil e na formação com professores do Instituto Paulo Freire. Foi um período em que tive acesso a leituras sobre os movimentos populares e, também, a obra freireana.

Quando falava da experiência citei uma aluna do Mova Brasil, Dona Zélia, senhora de seus 65 anos. No primeiro dia de aula ela disse que seu maior desejo e objetivo naquele curso era poder ler a Bíblia e escrever uma carta para uma filha que morava em São Paulo. No final do curso, sete meses depois, ela presenteou-me um cartão natalino com um salmo da Bíblia - o cartão foi todo confeccionado por ela – e uma carta que enviaria para a filha em São Paulo.
Nesse momento não me contive de e

moção e não pude continuar. A sensibilidade estava brotando do mais profundo e sincero sentimento de gratidão por ter participado daquele projeto e ajudado àqueles cidadãos e cidadãs a recuperar suas autoestimas e acreditar que era possível vencer os obstáculos. A vida é assim... Ficamos velhos e mais sensíveis!! Sou feliz por isso.
Muito interessante o seminário da disciplina Educação e movimentos sociais – Multiculturalismo, conduzida com muita sabedoria pela professora Aparecida Dantas – Cidinha, amiga e parceira de alguns projetos do Canal Futura em 2005 -. Os grupos foram instigados a pesquisar e, surpreendentemente, trouxeram informações muito importantes para a formação do grupo de estudo.
O primeiro grupo apresentou o tema: A campanha de pé no chão também de aprende a ler. Os componentes do grupo pesquisaram profundamente, inclusive focando a importância de Djalma Maranhão conduzindo todo o processo de transformação social daquele período. Fiquei bastante impressionado com o material de alto nível apresentado pelos alunos, principalmente o vídeo filmado nos anos 1960 – uma verdadeira relíquia.
O segundo grupo teve como temática os grupos culturais. Um dos membros do grupo era Mucio Vicente – ator e diretor de teatro – e responsável pelo convite para que eu falasse sobre a origem dos grupos folclóricos, suas manifestações e a sobrevivência desses grupos através de apoios institucionais.
Como não poderia ser diferente, Mucio Vicente abriu a apresentação com um de seus cordéis falando sobre Ceará-Mirim e, também, reproduziu um vídeo com imagens da cidade e trilha sonora do hino composto por José Luiz.
Após minha explanação sobre os grupos folclóricos e nossas tradições populares os alunos interagiram com perguntas e comentários a respeito da importância em preservá-los para poder garantir suas transmissões às futuras gerações.
O momento de maior emoção foi durante a performance da aluna Bárbara Nunes fazendo uma homenagem a poeta cearamirinense Ana Augusta da Fonseca Cabral através do poema Retalhos de sonhos. Quando concluiu sua brilhante e emocionante participação, muitos alunos estavam chorando em sua companhia.
Cultura é isso: está adormecida e, quando desperta, provoca muitos sentimentos, principalmente o de pertença... Aquele que todos devemos ter e nos orgulhar de fazê-lo surgir das cinzas para superar o esquecimento, o abandono e a falta de amor pela nossa terra tão querida.
Para muitos, é uma bobagem!!! Mas, para àqueles que amam Ceará-Mirim, o sentimento de pertença precisa está acima de cores, diferenças e de interesses estranhos a nossa realidade.
O quarto grupo apresentou a temática de Patrimônio Histórico e convidaram o professor Francisco Assis Rodrigues para falar sobre a importância dos patrimônios históricos na construção de Ceará-Mirim nos seus 152 anos de emancipação.

Professor Francisco Assis Rodrigues

O professor foi brilhante em suas colocações. Quando falava, fazia uma viagem sentimental, lembrando nossos grandes escritores Nilo Pereira e Edgar Barbosa. Falar sobre Ceará-Mirim é falar do sentimento, do amor à terra que nos viu nascer. É lutar para que nossa história não passe como as águas de seu rio, cortando o ubérrimo vale, hoje poluído e abandonado por aqueles que passaram a vida toda explorando suas riquezas naturais.
Encerrando aquela manhã especial, o último grupo apresentou o tema Sindicalismo Rural através do depoimento do sindicalista Francisco Rosemiro – atual presidente do STR de Ielmo Marinho e ex-militante e líder do MST.

Francisco Rosemiro - Presidente do STR de Ielmo Marinho

O depoimento do Sr. Rosemiro foi de uma riqueza ímpar. Ele falou sobre a origem do sindicalismo rural no Brasil, seus principais objetivos e sua contribuição para a formação dos movimentos sociais da categoria.
A vivência do palestrante nos movimentos sociais o credenciam na faculdade da vida. Poucos conhecem os meandros dos sindicatos como ele, principalmente sua luta em favor dos menos favorecidos e discriminados pela burguesia e pela burocracia manipulada pelos grandes representantes do capitalismo selvagem.

A professora Aparecida Dantas está de parabéns por proporcionar aos alunos do curso de Pedagogia da UVA em Ceará-Mirim a iniciação em pesquisas históricas, antropológicas e culturais. Tenho certeza que muitos daqueles acadêmicos olharão para nossos patrimônios e movimentos sociais de forma diferente, certamente, eles buscarão maiores informações e, quem sabe, surgirão novos pesquisadores de nossa memória.
Quero agradecer a todos pelo convite de participar com meus humildes conhecimentos e dizer que fiquei muito feliz em saber que a professora Aparecida está fazendo mestrado por uma Universidade portuguesa cuja pesquisa tem como tema a didática através dos griôs e um dos principais objetos de pesquisa é o mestre Tião Oleiro e minha pessoa como agente cultural de Ceará-Mirim. Fico muito agradecido por isso e estou a inteira disposição para contribuir naquilo que tiver dentro de minhas possibilidades e conhecimentos. Vamos vibrar pela defesa de professora em Portugal no próximo ano.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

DANÇA DO VENTRE


Gibson,

Gostaria que você publicasse no seu blog
a arte do cartaz do evento de dança do Ventre que
vai ocorrer no sábado dia 23 no Rotary!
Provavelmente vai vir a RedeTv cobrir( a confirmar)
Vai ser uma 1 de apresentações, com candelabros, espadas, petalas, véu
e etc!
Sorteio de Brindes e +
A parte dos produtos arrecadados vai ser revertido pro Abrigo São Vicente!
Conto com você lá!
Tem a arte do Cartaz no meu albúm!
Abraço
Daniel Torres

domingo, 17 de outubro de 2010

ENGENHO VERDE NASCE

Cerca de ferro fabricada na Inglaterra
O ENGENHO VERDE NASCE E A CASA GRANDE

O Engenho Verde Nasce foi fundado em pleno período da aristocracia canavieira, pelo Dr. Victor José de Castro Barroca, primeiro juiz municipal de Ceará-Mirim, nascido aos 15 de junho de 1820, o Dr. Victor era filho de José Joaquim de Castro Barroca e de D. Joaquina Maria do Sacramento. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Olinda, turma de 1844. Além de juiz municipal de Ceará-Mirim, foi ele deputado provincial, no período de 1846 à 1851. Seus filhos estudaram na Inglaterra e na França, como era comum aos aristocratas da época, que mandavam os filhos estudar na Europa. Dr. Barroca faleceu em Ceará-Mirim, no dia 29 de outubro de 1881.
Nilo Pereira, neto materno do Dr. Victor José de Castro Barroca, é outro ilustre norte-rio-grandense que nasceu na casa grande do engenho Verde Nasce. No seu livro “Imagens do Ceará-Mirim”, Nilo Pereira descreve: “Do Verde Nasce, cuja casa-grande está longe de ter grandeza e a significação de outras... saí nos braços de minha mãe, aos três meses de idade. O engenho já não era mais nosso”.

Victor Jose de Castro Barroca


O Verde Nasce era o refúgio do Dr. Barroca e o local onde ele costumara receber os seus amigos, entre eles o deputado Tarquínio Bráulio de Souza Amarantho, professor da Faculdade de Direito do Recife, jornalista e jurista, que em várias oportunidades visitou o Verde Nasce.
Marcelo de Castro Barroca, filho de Victor José, estudou na Inglaterra. Lá, apaixonou-se por Emma, moça da religião Anglicana. Casaram-se, vindo residir no Verde Nasce. Uma fatalidade afastou o casal: Emma Barroca, acometida de uma febre, faleceu ainda jovem, em 1881, antes mesmo de completar 30 anos de vida.
Em se tratando de uma moça protestante, Emma Barroca foi impedida de ter sepultura eclesiástica. Em face desse impedimento, Marcelo sepultou a esposa na colina do Verde Nasce.
Sua lapide encontra-se até hoje guardada com Herbert Júnior, no engenho.
O Engenho Verde Nasce continua de fogo aceso, produzindo açúcar bruto e mel. Apresenta uma particularidade que o classifica como representante, no vale do Ceará-Mirim, dos benefícios oferecidos pela revolução industrial: é a cerca que limita a propriedade, toda ela confeccionada de ferro fundido, com um portão de acesso peculiar, que evitar a passagem de animais.

A casa-grande do engenho, edificada no século passado, foi demolida. Como afirma Nilo Pereira, está longe da grandeza de outras congêneres, porém, possui ela um significado valor histórico: foi ali que muito se batalhou pela economia canavieira do vale, em época de crise e nos momentos de desespero, quando a seca desafiava a população e a integridade do vale.
A Casa-Grande apresentava partido de planta retangular desenvolvido em um único pavimento. As técnicas utilizadas na sua edificação foram bastante primitivas. A casa é desprovida de ornatos e de requintes comuns às casas-grandes dos Senhores-de-Engenho. Aquela casa apresenta características similares às edificações da região do Seridó: possuía alpendre frontal e sistema de cobertura, em telhado de duas águas, que dispensa consequentemente o emprego de calhas e de qualquer outro sistema de captação e condução das águas pluviais.
A cobertura da casa apóia-se no alpendre, em colunas de alvenaria, provavelmente substituindo as colunas originais, que geralmente eram confeccionadas de madeira. A fachada principal apresenta, além do alpendre, uma porta central de aceso ladeada por seis janelas, todas elas em vãos de vergas retas.
A casa-grande do engenho Verde Nasce, apesar de implantada na zona rural, possuía uma forte vinculação com a cidade de Ceará-Mirim, devido à pequena distância existente e, sobretudo, pelo fato de desenvolver uma atividade econômica que a caracteriza como participante da vida urbana.
Atualmente o Engenho Verde Nasce pertence aos herdeiros de Herbert Dantas. Apesar da casa-grande ter sido tombada a nível estadual desde 22 de dezembro de 1989, foi demolida.

CASA GRANDE DO BARÃO DE CEARÁ-MIRIM

A CASA GRANDE DO BARÃO DO CEARÁ-MIRIM
A antiga casa-grande do barão o Ceará-Mirim está localizada em terras da Usina S. Francisco ex-engenho do mesmo nome, nas proximidades da cidade do Ceará-Mirim atualmente, pertence a Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim. Residência senhorial, edificada em meados do século passado, conforme indica a inscrição existente na sua fachada: 1857. Seu primeiro proprietário foi o Senhor-de-Engenho Manoel Varela do Nascimento, Barão do Ceará-Mirim.

Fachada do prédio - data de 1857 - e na varanda observa-se a inscrição MV

Manoel Varela do Nascimento, filho de Filipe Varela do Nascimento e de D. Teresa Duarte, nasceu aos 25 de Dezembro de 1802, no sítio “Veríssimo”, arredores da cidade de Ceará-Mirim. Sua esposa D. Bernarda Varela Dantas, veio ao mundo aos 17 de junho de 1821.

Manoel Varella do Nascimento - Barão de Ceará-Mirim

Bernarda Varella - Baronesa de Ceará-Mirim
O Futuro barão começou a sua vida econômica como pequeno plantador, com um engenho movido por bestas. Adquiriu de um chefe índio de nome Saquete, uma terra pertencentes aos índios, denominada ilha dos cavalos (hoje ilha bela), na qual instalou o seu engenho São Francisco. O Barão de Ceará-Mirim foi um dos primeiros proprietários de engenho da região a utilizar os cilindros horizontais, na moagem das canas, em substituição aos cilindros verticais, tradicionalmente utilizados, também foi o divulgador da cana “Cayenne” (caiana), logo predominante no vale do Ceará-Mirim. Em sua vida pública, Manuel Varela do Nascimento aparece como alferes de 2ª linha, em 24.4.1828; presidente da Câmara Municipal de Extremoz, nos períodos de 1829/32 e 1837/40; 16.07.1852, coronel comandante superior da Guarda Nacional, dos municípios de Natal, São Gonçalo, Extremoz e Touros; deputado provincial, período de 1868; 3º vice-presidente da província em 1868. Foi o primeiro norte-rio-grandense agraciado com o titulo de barão – Barão do Ceará-Mirim. Por decreto imperial de 22.06.1874, assinado a 8 do mês seguinte. A benemerência deveu-se “aos relevantes serviços prestados à instrução pública da província do Rio Grande Norte”. O Barão do Ceará-Mirim dedicou grande devotamento à causa da instrução pública, chegando mesmo a construir uma escola, doada por ele ao município em 05.11.1878. A tradição recorda as duas carruagens do barão (1877), “muito asseadas, com boas parelhas e seus escravos decentemente vestidos”. Antes do decreto da abolição da escravatura, todos os escravos pertencentes à baronesa do Ceará-Mirim, já haviam sido alforriados, por ato de 01.03.1888, em honra à memória do Barão...

A Casa-Grande do antigo Engenho São Francisco é ainda uma da melhores edificações do Município. Desenvolvida em dois pavimentos, a casa apresenta partido de planta quadrangular, com cobertura de quatro águas, beiral corrido com extremidades em “cauda de andorinha”, arrematado por cimalha. A fachada principal da casa possui uma porta de acesso, ladeada por seis janelas, superpostas por sete janelas, rasgadas, guarnecidas por uma única grade de ferro. Todos os vãos são de arcos abatidos, com cercaduras de massa. O prédio sofreu algumas alterações. Assim, as suas paredes externas perderam o belo revestimento de cerâmica do porto, da época de sua construção. O seu interior, onde atualmente funciona a administração da usina São Francisco, sofreu pequenas modificações para adaptá-lo ao novo uso. A casa possui piso cimentado no térreo, ainda conservando o assoalho de tabuado corrido, no pavimento superior. Mantém o forro de tabuado, no térreo, e no pavimento superior foi colocado gesso. Antigamente, na sala de honra de casa-grande encontravam-se os retratos a óleo de barão e da baronesa. O tradicional edifício foi despojado de seus antigos moveis. O portão nobre, de ferro fundido em Portugal, foi transferido para uma construção ao lado da casa-grande. Nas proximidades daquela residência existe um pequeno cemitério e uma Capelinha, dedicada a N.S. da Conceição, onde se encontram duas imagens antigas, de madeira, e um crucifixo de marfim. O barão faleceu a 1º de março de 1881 e a baronesa aos 16 de julho de 1890, conforme indicações constantes das lousas mortuárias existentes naquele pequeno cemitério, onde também acham-se sepultados outros familiares.

Cemitério da Usina São Francisco

A Casa-Grande encontra-se bem conservada o mesmo não podendo dizer do cemitério e da capelinha, que se encontram em péssimo estado de conservação no mais profundo abandono. Esperamos uma maior atenção por parte dos atuais proprietários, no sentido de ser recuperado aquele conjunto arquitetônico de relevante importância histórica, de modo a valorizá-lo como patrimônio artístico e sentimental do verde vale dos canaviais.

Fonte: Jeanne Fonseca Leite Nesi - Jornal O Poti de 04 de agosto de 1991
Assim como lutamos pela restauração do velho solar do Guaporé - é necessário iniciarmos, também, a luta pela restauração do velho casarão do Barão de Ceará-Mirim. Essa edificação é muito importante para a memória do município. Certamente foi a primeira grande construção da cidade. A Ecoenergia (antiga Usina São Francisco) poderia fazer uma avaliação e ver como restaurar o casarão fazendo pacerias. Nós estamos à disposição da usina para o que for preciso. A memória de nossa cidade está plantada naquele solar e no cemitério que guarda os restos mortais dos patriarcas da família Varella pioneiros na construção de Ceará-Mirim.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES

Prof. Francisco Assis, Dr. Pedro Simões, Prof. Gibson Machado, Historiador Franklin Matinho e Dra. Leonor Soares - membros da comissão organizadora da ACLA.

Prezados amigos:

Reunimo-nos ontem à noite, pelas vinte horas, numa das salas do CAIC, em Ceará-Mirim e formamos uma comissão de constituição da nossa Academia Cearamirinense de Letras e Artes (ACLA) formada por Franlin Marinho, Gibson Machado, Leonor Soares, o professor Assis Rodrigues e eu.
A comissão examinará, preliminarmente, a sugestão de Patronos, a proposição de acadêmicos e a minuta do Estatuto, com vistas à convocação de uma assembléia para criação da instituição, do final deste mês para início do próximo.
Alguns nomes que ressaltam como óbvio, dado o seu valor intelectual, foram sondados e escusaram-se de participar por questões de foro íntimo.
Faremos, antes mesmo da assembléia, uma segunda reunião para ajustar as proposições e sugestões consensuais que serão levadas à discussão por todo o grupo de fundadores.
Grande abaço
Pedro Simões

PROJETO PAPEL ARTESANAL

Equipamento para oficina de papel reciclado

Desde 2004 quando cursava Educação Artística na UFRN que venho tentando implantar uma oficina de papel reciclado em Ceará-Mirim/RN. Em 2007 fui convocado, através de concurso público, para assumir a disciplina de Artes, pela Secretaria de Educação e Cultura do RN, acreditei que aquele seria o momento de lutar pelo projeto do papel. Foram quatro anos de tentativas, insistências e sempre havia obstáculos, falta de condições físicas e, principalmente, financeiras para implantá-lo.
Em Maio de 2010 o apresentei para Dr. Antonio Siqueira, representante do Ministério Público, e o mesmo acreditou que seria possível sua implantação. A partir de julho os equipamentos começaram a serem entregues na Escola.
Solicitei à Direção da Escola Estadual Otto de Brito Guerra, através das gestoras Sonia e Fatima, que fizessem o investimento para a implantação do laboratório de Artes a fim de iniciarmos a tão sonhada oficina de papel artesanal.
Os investimentos foram feitos e o laboratório de Artes está pronto, provavelmente, seja o primeiro implantado em uma escola pública estadual. Sua instalação contribuirá para que possamos realizar e criar muitas situações de aprendizagens com nossos alunos e, também, com a comunidade escolar, através de oficinas de artes visuais, artes cênicas, musica e dança, principalmente populares.
O próximo desafio é encontrar parceiros que façam a coleta seletiva do papel, principalmente nas escolas de nosso município. Faremos uma campanha em busca dessas parcerias e esperamos que nossa luta tenha o respaldo da comunidade.
O beneficiamento do papel terá uma importância fundamental na formação de nossos docentes, principalmente, na conscientização sobre a preservação do meio ambiente e na reutilização do papel como fonte de renda, agregando valores aos produtos artesanais que serão produzidos nas oficinas, como: envelopes, caixas para presente, sacolas, porta joias, blocos de anotações, etc.

Alunos picotando o papel - primeiro processo

Orientações do professor Gibson Machado

terça-feira, 12 de outubro de 2010

CONCURSO FOTOGRÁFICO

Dia 06 de outubro de 2010 o Centro Esportivo e Cultural, através da diretoria de cultura, divulgou o resultado do I Concurso de Fotografias Dr. Julio Gomes de Senna.

Professor Gibson Machado - abertura para a entrega da premiação


O concurso fotográfico teve como tema: “Olhares sobre o patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim” e foi aberto às escolas do município. A premiação foi dividida em duas categorias: ensino fundamental e ensino médio.
Todas as escolas foram convidadas, no entanto, três escolas aderiram ao projeto. Pelo ensino fundamental, as escolas Sociedade Casa da Titia e Escola Municipal Dr. Julio Gomes de Senna e no ensino médio a Escola Estadual Professor Otto de Brito Guerra.
Durante a programação pela entrega das premiações, os fotógrafos que participaram da comissão julgadora fizeram algumas exposições falando sobre a importância da fotografia no mundo atual. Os professores que orientaram os alunos falaram a respeito da contribuição da fotografia enquanto leitura de imagens e sua importância na aquisição de novos conhecimentos, principalmente da troca de experiências com seus alunos.
O objetivo do concurso foi despertar na comunidade escolar o interesse pela história de Ceará-Mirim e a valorização de seus patrimônios históricos e culturais.
Foi uma oportunidade em que a comunidade escolar se envolveu e, professores e alunos, buscaram selecionar os patrimônios, refletindo sobre sua importância na construção do município e na preservação da memória e das tradições.
As imagens, no mundo contemporâneo, mais especificamente as fotografias, estão por toda parte registrando fatos, acontecimentos, momentos. A exposição de imagens em excesso no cotidiano, por meio da presença de outdoors, da televisão e do cinema, das revistas, entre outros meios de comunicação, contribui para a banalização de seu uso. Mesmo em materiais didáticos, muitas vezes, encontramos o uso da iconografia como mera ilustração. Raras vezes nos deparamos com o uso da imagem, ou da iconografia, como um objeto de investigação que desperte no interlocutor a reflexão sobre a mesma, percebendo sua riqueza e sua devida importância nas reflexões sobre o ensino de história e memória.
A fotografia deve ser vista como mais um instrumento da compreensão histórica e como qualquer outra fonte ela deve ser questionada, analisada e confrontada com outras fontes. Ela em si não é neutra: a fotografia fala, tem um discurso que deve ser visto e revisto dentro de um contexto em que ela foi produzida. É, portanto necessário termos essa clareza ao utilizar a fotografia como fonte histórica.

Comissão julgadora e professores responsáveis pelos alunos

Ao empregar a fotografia como documento para contar a história de um município e consequentemente da região na qual ele está inserido é importante não perdermos de vista a intencionalidade com que a fotografia foi produzida. A análise de tal documento poderá contribuir no enriquecimento do trabalho com história local, pois a imagem tem a capacidade de instigar, desafiar, de despertar a curiosidade do público para o qual se propõe este trabalho.

O trabalho com história local faz com que ele desenvolva o sentimento de pertença, lança um novo olhar sobre a sua localidade, ao compreendê-la como um lugar de memórias e mesmo de contradições. Pode produzir a inserção do aluno na comunidade da qual faz parte, criar suas próprias historicidade e identidade.
Esperamos que o I concurso de fotografias Dr. Julio Gomes de Senna tenha continuidade no próximo ano e que outras escolas possam participar ajudando a plantar a semente do conhecimento em nossos jovens, de modo que compreendam a iconografia como fonte documental e não como mera ilustração.
Perceber a história ou várias histórias impressas em uma fotografia e interpretar os seus discursos e os seus silêncios é dar um passo importante na compreensão da formação e da transformação dos processos históricos que se desenrolam até a presente época.

Resultado do concurso:

ENSINO FUNDAMENTAL:
1º lugar: Mestre Birico


Fotógrafa: Hillary da Silva Oliveira – aluna do 8º ano da SECAT – Sociedade casa da Titia.
2º lugar: Museu: patrimônio histórico
Fotógrafo: Paulo Henrique de Paulo Nicácio – aluno do 8º ano do SECAT – Sociedade casa da Titia.
3º lugar: Bueiro e tachos
Fotógrafo: Francisco de Assis R. Junior – alunos do 7º ano da Escola Municipal Dr. Julio Gomes de Senna.

ENSINO MÉDIO
1º lugar: Kasarão
Fotógrafo: José Raimundo da Silva Souza – aluno do 3º ano da Escola Estadual Professor Otto de Brito Guerra.
2º lugar: Diamante
Fotógrafo: Gleydson de Brito Moura – Aluno do 1º ano da Escola Estadual Professor Otto de Brito Guerra.
3º lugar: Nascença
Fotógrafo: Francisco Silva de Souza – Aluno do 3º ano da Escola Estadual Professor Otto de Brito Guerra.
Nossos agradecimentos:
Ao presidente do Centro Esportivo e Cultural, Ubiratan Severo pela parceria e por ter confiado no projeto.
Dr. José Fernandes Senna (filho de Dr. Julio Senna), por ter dado a ideia do concurso, pelo apoio e por ter patrocinado a premiação.
Diretores, professores e alunos das escolas que participaram do projeto por ajudarem na realização e execução.
Aos músicos Joaozinho e Danilo da banda Kairus pela participação especial.
Aos fotógrafos José Maria, Everaldo Leocádio, Idiana Rodrigues e Valdec Moura pela participação no julgamento das fotografias.
Ao amigo Valdec Moura por participar do evento expondo seu material e equipamentos cinematográficos, o que enriqueceu a exposição.
Aos amigos Dr. Pedro Simões (coordenador da comissão para criação da Academia Cearamirinense de Letras e Artes), Jansem Leiros – presidente da Academia Macaibense de Letras e Artes e esposas pela visita ao nosso evento.

domingo, 10 de outubro de 2010

PROJETO DESPERTAR


Em 06 de outubro de 2010 o Projeto Desperar proporcionou aos cursandos a oportunidade de ouvir o depoimento da empreendedora do ramo de confecções a Sra. Lila.
A empresária iniciou sua palestra falando sobre a importância de ser empreendedor e suas principais características, enfatizando, principalmente, como vencer as dificuldades com determinação e atitudes.
Ela expôs sua história de vida e relatou detalhadamente como conseguiu superar as dificuldades, sendo criativa e aproveitando todas as oportunidades que o mercado lhe ofereceu.
Atualmente Lila é empresária do ramo de confecções e farmácia e procura estar sempre se atualizando para aperfeiçoar seus projetos, inovando e influenciando seus clientes, às novas tendências da moda.
Após a palestra os alunos elaboraram várias perguntas e iniciaram a entrevista com a empresária que respondeu a todas esclarecendo os detalhes questionados pelos cursando. Foi muito importante seu depoimento para a formação dos jovens empreendedores, pois, muitas dúvidas foram esclarecidas e, também, suas palavras serviram de incentivo para que eles pudessem refletir e, quem sabe, entrar para o mundo do negócio.
Queremos agradecer a empresária Lila e a direção da Escola por nos ceder o espaço e estar presente em todas as vezes que foram solicitados.
Para reforçar a importância do trabalho em equipe fizemos uma dinâmica com balões que nos fez refletir muito a respeito da importância do outro para mantermos todas as atividades funcionando devidamente bem. Nossos alunos iniciaram a atividade muito descontraídos, no entanto, a medida que alguns foram sendo retirados e solicitei para que mantivessem os balões suspensos, as dificuldades apareceram, e eles ficaram totalmente desnorteados e preocupados em não deixar os balões cair, o que aconteceu inevitavelmente.