domingo, 27 de março de 2011

COMO CONSTRUIR UMA ARMADILHA PARA PÁSSAROS E CAÇADORES

O texto "Como preparar uma armadilha para pássaros e caçadores" é de Pedro Simões. As fotografias são de minha autoria, fruto de algumas andanças. Espero que as ilustrações agradem aos leitores e amantes da natureza.


Primeiro você desfia as palhas do coqueiro para fazer os palitos. Depois, você os aplaina com uma faca bem afiada e vai buscar uma madeira porosa e leve. Então, faça uma armação com a madeira - a estrutura da caixa e do alçapão - e vá enfiando os palitos de coqueiro formando uma espécie de cerca. Entre a caixa e a tampa, ponha uma pequena dobradiça, ou amarre com barbante a parte móvel – a tampa da caixa. Ponha uma isca: pedacinhos de pão, alpiste, fubá de milho...e misture com um pouco de azul – o engodo do céu. E leve o seu artefato para o meio do mato, se possível, à beira de um regato. Arme-o e fique à espreita entre os arbustos. Pode demorar um pouco. A paciência o recompensará. Afinal você é um caçador. Enquanto espera, o caçador de pássaros olha ao seu redor e lentamente vai absorvendo a paisagem. Registra o verde, que se camaleoa em uma infinidade de tons, desmaiando bem pertinho do amarelo e quase morrendo próximo do marrom. Percebe o som do vento agitando a folhagem e o reconhece como transporte de uma multiplicidade de aromas que o embriagam, e o nauseiam – desde o adocicado e o propriamente dito vegetal, até a matéria em decomposição. Distingue minúsculos, graúdos, lentos e apressados habitantes da mata pelo ciciado das folhas secas que os denuncia. Observa que as flores silvestres são espécies de caboclas interioranas sem maquiagem, beleza simples, natural, despretensiosa e, todavia, cheia de graça. Percebe uma sugestão, apenas uma sugestão de perfume, a um só tempo sutil e delicado como o vôo das borboletas e a plumagem das aves solta no ar. É um “cheiro da imagem”, como diz muito bem o poeta Manoel de Barros. Uma nesga de azul com esfumados brancos o atinge nos olhos quando descobre o céu. Imagina, mais do que vê, uns raios amarelos, filigranas douradas penetrando a mata rala. E um insólito girassol bebendo um que outro raio como fosse um absinto, um licor, um conhaque que o inebria, levando-o para o interior da tela de Van Gogh, onde delira. Um riacho serpenteia e murmura sobre um leito pedregoso. Um arrulho (ou o sibilar de uma cobra?). Pela primeira vez observou que as águas que vão passando, trazidas pela corrente, jamais tornarão. Então é preciso fixá-las na memória. Nem imagina a dificuldade em separá-las para distingui-las. Então, com a imagem da última corrente homenageia as que se seguirão. Longe, um cavalo relincha e menos longe, ouve um aboio e os chocalhos de algumas reses à beira do descaminho. É quando um passarinho descuidado pousa ao seu lado e começa a ciscar o chão, ignorando a sua presença. Estava ao alcance da mão e não é possível que não o tivesse visto, ele, uma ameaça à sua liberdade e à sua própria existência. Mas era tão frágil, tão inocente e tão trêfega a avezinha. Dava pequenos pulos para deslocar a sua magreza e o seu bico diminuto explorava o solo com experiência e rapidez, à procura de alimento. Não sei por que lhe veio à memória o título de um livro – “Pauta para passarinho” – cuja capa é composta por um bando de pássaros agrupados sobre fios, como fossem notas musicais (claves de sol?) sobre pautas. E lhe veio um contraponto ao lirismo da lembrança: quando foi criança matava passarinhos com baladeiras, só pelo prazer de ver as aves abatidas pelo certeiro da pontaria. Nem se dava ao trabalho de apanhá-las, tanto mais de servir-se delas como alimento. Afinal, para que vieram ao mundo as avezinhas? Tentou vê-las nas copas das árvores, nalgum galho, bebendo na beira do riacho, soltas riscando o céu ou aprisionadas numa gaiola. Lembrou então da música sertaneja em que alguém furara os olhos do Assum preto, para que ele cantasse melhor. Uma malvadeza sem igual. Isso ele nunca fizera. Com o juízo já bicado pelo remorso, ouviu o alerta do bem te vi, em vôo rasante sobre sua cabeça. Ora, ora, viu o quê? Avisava ao passarinho que estava ao seu lado a sua figura ameaçadora? Ou simplesmente aumentava o seu remorso? Como fosse para apaziguá-lo, uma lavadeira, pequenina, pernalta, de passinhos rápidos e miúdos como é da sua natureza, marcou com minúsculas e quase imperceptíveis pisadas, a margem úmida do rio. A lenda lhe chegou instantânea, acompanhando a descoberta. A música a avivou: “Lava, lava, lavadeira, quem te ensinou a lavar, foi, foi, foi, foi o peixinho do mar...lá pras bandas do nordeste, lavadeira tem valor, porque lava a roupinha, a roupinha de Nosso Senhor...” Pois é, concluiu, esses pequeninos voadores foram distinguidos por Deus para uma missão especial. Afinal, o seu ofício é o deslumbramento. Têm o canto, a plumagem, o vôo...são simpaticamente buliçosos, graciosos, e tão à vontade no espaço que até parecem inquilinos do céu. Como se estivesse despertando de um desvario, correu até a arapuca e a desmanchou, jogando-a no rio. Pôs as mãos nos bolsos e margeou o riacho, pés descalços chapinhando na água, assobiando uma toada bem antiga da infância. Ali perto uma sabiá lhe saudou e ele lhe respondeu com uma imitação bem grosseira do canto da ave. A tarde se pôs na armadilha da noite.

Amigo Pedro, desculpe a falta de modéstia, mas você fez esse poema especial para mim. Fotografei pensando nele sem ao menos conhecê-lo. rsrsr

sábado, 26 de março de 2011

FEDERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE

E-mail enviado por Pedro Simões Neto:

Prezado(a)s Amigo(a)s:
Ontem, às 19 horas, na sede da Academia Norteriograndense de Letras, na rua Mipibú, foi criada e constituida a FEDERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE, entidade que congrega todas as instituições privadas de cultura em atuação no estado.
Aprovada a criação e o Estatuto, elegeu-se a diretoria.
Dentre os membros que compõem a diretoria, Ceara-Mirim foi homeageada com uma das mais importantes diretorias da nova entidade - a DIRETORIA DE PROMOÇÕES E EVENTOS - que cuida, como o nome indica, da programção, planejamento, logística e da execução de todos os eventos ao encargo da FINSC.
É oportuno também saber que a Academia Cearamirinense de Letras e Artes - ACLA - intega o Conselho Deliberativo da FINSC, na condição de sócia fundadora.
Os dirigentes das mais importantes entidades culturais reunidas nessa ocasião, manifestaram interesse em conhecer detalhes da ACLA e se surpreenderam com a relevância dos nosso patronos e o ambicioso programa a que se propõe a nossa Academia.
Desnecessário dizer do nosso orgulho, que é extensivo a todos os cearamirinenses, especialmente aos que apreciam os nossos valores e tradições.

Um bom fim de semana

Pedrinho de Doutor Percilio

Do Blog de Miranda Gomes

FUNDADA A FEDERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE - FINSC.
Em ASSEMBLEIA GERAL ESPECIAL, realizada ontem, 25-03-2011, às 19 horas, na sala ONOFRE LOPES DA ACADEMIA NORTE-RIO- GRANDENSE DE LETRAS, nesta cidade, com expressivo comparecimento de representantes de diversas entidades culturais do nosso Estado, foi fundada a FEDERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE.
Na ocasião foi aprovado o seu ESTATUTO SOCIAL e escolhidos os integrantes da DIETORIA EXECUTIVA, CONSELHO FISCAL E COMISSÃO DE ÉTICA E DISCIPLINA PROVISÓRIOS, os quais deverão cuidar do registro da nova Entidade.
OS NOMES ESCOLHIDOS PARA O COMANDO DA FINSC SÃO:
DIÓGENES DA CUNHA LIMA – PRESIDENTE
JURANDYR NAVARRO DA COSTA - VICE-PRESIDENTE
CARLOS ROGBERTO DE MIRANDA GOMES - PRIMEIRO SECRETÁRIO
JAIR FIGUEIREDO - SEGUNDO SECRETÁRIO
PEDRO SIMÕES NETO - DIRETOR DE EVENTOS E PROMOÇÕES
LUCIANO ALVES DA NÓBREGA - DIRETOR DA REVISTA
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI - DIRETOR FINANCEIRO
CONSELHO FISCAL: ENÉLIO PETROVICH, GLEY NOGUEIRA GURJÃO, ELDER HERONILDES DA SILVA E ZELMA FURTADO; COMISSÃO DE ÉTICA E DISCIPLINA: ANNA MARIA CASCUDO BARRETO, DORIÉLIO BARRETO DA COSTA E EDUARDO GOSSON.
A nova Instituição Cultural adotou como lema a expressão "OMNES UNUM SINT' (UNIDOS SEREMOS UM).
Recebi a indicação do meu nome para uma diretoria tão importante, como uma homenagem que os sócios fundadores prestaram à ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES, que é fundadora e membro do Conselho Deliberatio.
LONGA VIDA À CULTURA!

ENCONTRO EM TABUÃO - MENINOS DO CONGO

Gibson Machado, Emiliana e os meninos do Congo
Sábado, 19 de março de 2011, estive em Tabuão para nos reunir com os (ex) componentes do grupo folclórico Congos de Guerra.
Fiquei animado porque surgia uma luz no fim do túnel, havia interesse partindo da comunidade, através da jovem Emiliana, que junto com outras pessoas criaram o Centro Cultural de Tabuão.
O grupo tem como objetivo fomentar a cultura, o esporte e a educação no distrito, através de palestras, oficinas e, principalmente, o resgate das tradições populares como, danças, artesanato de palha de carnaúba e cerâmica, que eram, tradicionalmente, produzidos na região.
Foi difícil juntar os jovens para que fizéssemos uma explanação da importância do Congo de Guerra para o município de Ceará-Mirim e Estado do RN. Levei imagens que havia filmado ao longo desses 20 anos de pesquisas e dois documentários realizados sobre o grupo e o mestre Tião Oleiro.
O mestre Tião (96 anos) não estava presente, mas, foi substituído pela figura importante do embaixador do Congo, o mestre Zé Baracho (81 anos). Conversamos, eu e ele, por uma hora até que seis jovens apareceram para ouvir o que tínhamos pra dizer.
Mestre Baracho, muito triste, dizia que não valia a pena insistir naquele brinquedo porque as pessoas valorizavam apenas o football e aquela velha cultura, definitivamente, tinha se acabado, pois, ele e mestre Tião, não tinham mais fôlego para lutar pela revitalização do folguedo.
Procurei fazer com que os garotos compreendessem que o futuro da congada estava em suas mãos e que eles deveriam lutar para revigorar o brinquedo, pois, era uma tradição centenária e, precisavam protegê-la do abandono e da iminente extinção.
Saí de lá muito inseguro! Não sei se consegui despertar, neles, o interesse por ações que mobilizassem a comunidade em busca da preservação do Congo de Guerra. Recebi um telefonema de Emiliana informando que tinha conseguido dezessete adesões e que os meninos gostariam de marcar um dia para ensaiar as danças e as músicas.
Um novo amanhecer surgiu no crepúsculo da esperança, sei que não será fácil conduzir esse processo, no entanto, é preciso estar presente para dar força aos jovens de Tabuão. Haverá muita resistência, pois, nossos adolescentes não têm o hábito de cultuar as coisas passadas, é preciso enfrentar essa realidade e ensiná-los a valorizar e preservar a memória de sua gente.
Quarta-feira, 30 de março, estarei em Tabuão com dois professores do IFRN para que eles conheçam os mestres Tião e Zé Baracho e analisem a possibilidade de incluí-los em projetos culturais realizados por aquela instituição. Havia marcado para essa quarta-feira ensaio com os adolescentes do congo e, em virtude de acompanhar o professor Pablo Capistrano, irei na sexta-feira a tarde fazer o ensaio.

ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES

Ceará-Mirim tem a sua academia de letras fundada em 22 - 03-2011, em Assembléia Geral Extraordinária.
Dr. Pedro Simões Neto - Presidente da Academia Cearamirinense de Letras e Artes (ACLA).
Membros presentes na Assembléia de fundação da ACLA: Gibson Machado, Franklin Marinho, Lucia Helena Pereira, Osmuz Simonetti, Francisco Assis Rodrigues,Janilson Dias e Pedro Simões.

Pedro Simões Neto - Presidente - Franklin Marinho, Ormuz Barbalho Simonetti, Francisco de Assis Rodrigues, Janilson Dias de Oliveira e Lúcia Helena Pereira - os novos imortais (dos onze) submetidos à votação.
Membros fundadores da ACLA: Gibson Machado Alves (Vice-Presidente), Franklin Marinho, Ormuz Simonetti, Francisco de Assis Rodrigues, Janilson Dias de Oliveira e o exmo. Presidente - Pedro Simões Neto.
A Assembléia de Fundação da ACLA transcorreu em clima perfeitamente democrático, para aprovação do que foi discutido e aprovado na Assembléia Especial de 18 de novembro de 2010, realizada em Ceará-Mirim.
Na referida Assembléia, foram apreciados: o anteprojeto do estatuto da ACLA; sugestão do brasão; o lema da academia; os patronos e acadêmicos.
Patronos: Nilo Pereira, Edgar Barbosa, Juvenal Antunes de Oliveira, Maria Madalena Antunes Pereira, Adelle de Oliveira, Augusto Meira, Rodolfo Garcia, Júlio Gomes de Sena, Inácio Meira Pires, Jayme Adour da Câmara, Padre Jorge O´Grady de Paiva, Elviro Carrilho da Fonseca, Herculano Bandeira de Melo, José Emídio Rodrigues Galhardo, José Alcino Carneiro dos Anjos, Francisco Pereira Sobral, Etelvina Antunes de Lemos, Antônio Glicério, Dolores Cavalcanti, Francisco de Salles Meira e Sá, Anete Varella, Rafael Fernandes Sobral, José Pacheco Dantas e Manuel Fabrício de Souza.
Os imortais da ACLA, sócios fundadores:
Pedro Simões Neto, Gibson Machado Alves, Ormuz Barbalho Simonetti, Bartolomeu Correia de Melo, Lúcia Helena Pereira, Francisco de Assis Rodrigues, Maria Leonor Soares, Franklin Marinho de Queiroz, Ciro José Tavares, José de Anchieta Cavalcanti e Janilson Dias de Oliveira e sócios correspondentes: Hamilton de Sá Dantas e Geraldo José Marques Pereira.
A Assembléia Geral Extraordinária para fundação da academia cearamirinense de letras (ACLA), foi realizada no escritório de advocacia do Dr. Pedro Simões Neto, à rua alcides araújo, 1840, Capim Macio, no horário das 20 às 22:30, contando com sete membros.
Aprovados os 42 artigos do estatuto da ACLA, a escolha de sócios honorários e beneméritos, e assim por diante, com assinatura dos membros presentes, para, finalmente, se fazer a execução da parte cartorária da academia.
Muitos projetos de relevância estão inseridos no estatuto da academia, dando, ao vale verde, esta bandeira das letras e da arte que o rio grande do norte faz por perpetuar.
O capelo terá a cor verde - canavial com friso dourado. A sede provisória será no centro cultural de Ceará-Mirim, vez que, a sede ainda está em estágio de planos, com a doação de um terreno pelo conterrâneo Hamilton de Sá Dantas.
A data da solenidade será marcada a posteriori.
Parabéns ao nosso vale verde!!!

sexta-feira, 25 de março de 2011

TRIBUTO A AMARILDO

Sonho realizado!!!
O lançamento do livro de poemas de Amarildo foi um grande sucesso. Sobretudo por ter sido um sonho de muitos cearamirinenses que eram amigos do poeta. Àqueles que não foram ao evento perderam uma oportunidade de vivenciar momentos que ficarão para sempre em nossas memórias.

Escritor Caio Azevedo - Abertura do evento e apresentação do Trio Shalon

Inicialmente o escritor Caio Azevedo fez a abertura, convidando os organizadores do livro, Gibson Machado e Pedro Simões, para homenageá-los com uma monção de congratulações manifestada pela Câmara Municipal, através de seu presidente Ronaldo Marques Rodrigues.

Recebendo a Monção de congratulação pela Câmara Municipal de Ceará-Mrim das mãos do parceiro de evento Rossini Cruz


Pedro Simões agradecendo a Monção de Congratulação e falando sobre o lançamento do livro do poeta Amarildo e da Criação da ACLA

Na sequência o Trio de cordas Shalon executou uma peça do Mágico de Oz que impressionou a todos os presentes, principalmente por se tratar de três jovens talentos que fazem parte da nova geração de músicos cearamirinenses. Eventos dessa natureza é uma janela para a divulgação de novos artistas que surgem na cidade e permanecem no anonimato por falta de oportunidade. Quem tiver interesse em contratar o Trio Shalon entrar em contato com Aristildes pelo fone 9176-2545.

Trio de cordas SHALON

Muitos amigos de Amarildo deram depoimentos e contaram alguns causos que ficaram marcados na vida de todos, principalmente, os mais íntimos, por terem convivido mais tempo com ele e dividido suas angustias e lamentos por seus amores impossíveis.

Parazinho, Marcos Brandão, Fonseca e João Maria

O ambiente do Centro Esportivo e Cultural foi organizado pelo produtor cultural Rossini Cruz proprietário da Budega Véia e parceiro no projeto. A ideia era fazer uma ambientação que inspirasse uma velha budega onde poetas e cantores pudessem soltar a alma e viver momentos de pura exaltação. Assim aconteceu, todos os que participaram, o fizeram com muito entusiasmo.
A plêiade de artistas presentes no evento era uma riqueza indescritível, havia estilos para todos os gostos, poetas conhecidos como Bob Motta e Almir, deram um show de interpretação.


Poeta Bob Motta

Poeta Almir

O músico e, agora, advogado Marcos Brandão foi muito gente boa, pois adiou um compromisso para vir homenagear o amigo e companheiro de boemia. Junto com Toinho Parazinho tocaram a música VOCÊ, música de Amarildo em que ele canta um de seus amores Quixotesco...a Dulcinéia dos sonhos!


Marcos Brandão e Toinho Parazinho - ensaio para interpretar a música "você".

Amigos e parceiros lembraram os tempos de barzinho e serenatas, brincaram, contaram causos, declamaram poesias, fizeram tudo aquilo que puderam para relembrar o velho amigo, entre eles, Parazinho, João Maria Bigodinho, Fonseca, Chico Neguinho, Zé Walter e Gilsinho, este último, falou por todos os presentes, principalmente pela sobrinha do poeta que estava com a família e ficou muito emocionada.
A publicação do livro foi uma iniciativa da ACLA Academia Cearamirinense de Letras e Artes através do selo Edições Ceará-Mirim, sendo a primeira publicação de uma série de livros programados.
Para o evento acontecer o Centro Esportivo e Cultural e a ACLA tiveram como parceiros A Budega Véia, Marcos SOM, Alves Auto-peças e, principalmente, os artistas que fizeram com que a noite fosse maravilhosa.
No próximo ano será o 1º Tributo a Amarildo e, desde já, estamos solicitando a todos que tiverem fotografias, vídeos ou qualquer documento que faça referencia ao poeta que doem para Gilsinho, pois estamos organizando o memorial e, também, lutaremos para gravar um cd com suas músicas mais conhecidas.

Parazinho, Marcos Brandão, Gibson Machado e Fonseca

segunda-feira, 14 de março de 2011

VIVA A POESIA...


Oração ao Artista

I
Bendita a mão, que ágil e ousada
Consagra o artista à Criação
E que buscando a Harmonia e a Perfeição
Tudo cria do que antes era Nada!

II
Bendita a mão que ávida se espalma
Para dar vida a matéria morta:
A qual depois configura e transporta
Do Artista a terna e sonhadora alma.

III
Bendita a mão que em delírio parte
Pelos caminhos da Luz, embevecida
Tecendo sonhos, transmitindo a Vida
Na expansão maior do Ser: A Arte!

IV
Bendita a mão que muda num instante
O sonho no real, pelo punho do Artesão
Que transforma a mais recôndita ilusão
Numa coisa animada e palpitante.

V
Bendita a mão que encontra seu alento
Na expressão do sentimento oculto
E que professa como em piedoso culto
Ante o Altar, da Arte e do Talento.

VI
Bendita a mão que nutre e agasalha
No íntimo do Ser, vivos e a palpitar
O Dom Divino, a magia do Criar
Que sobre tudo ternamente espalha.

VII
Bendita a mão, que se inclina pura
À Criação da Luz e supremo pontífice
A guiar a alma pródiga do Artífice
Para o céu, da Arte e da Cultura.

Do nosso bardo menestrel Amarildo

sábado, 12 de março de 2011

BAÚ DE NOTÍCIAS


Publicado no Jornal A RAZÃO em Ceará-Mirim, agosto de 1917.

EDITAES

De ordem do Ilmo. Sr. Dr. Manoel de Golveia Varella, Presidente da Intendência Municipal do Ceará-Mirim, chamo á attenção dos srs. proprietários de cazas, no perimetro urbano desta cidade, para o disposto no art. 13º e seu § unico da Lei n. 49, de 15 de Dezembro de 1916 que é o sguinte:

Art. 13º - Os proprietários dos prédios, cujas calçadas se estraguem, serão intimados por escripto pelo fiscal, para concertal-as no praso de 30 dias, contados da data da intimação. Os infractores incorrerão na multa de 10$ ou 5 dias de prisão e o dobro na reincidência.

§ Único – Na reconstrucção das calçadas observa-se-aá a bitola que tiver sido determinada e também observa-se-á a declividade do terreno, cuja altura não poderá exceder de um palmo, não se admitindo degráo nas entradas das portas em cima das calçadas

Para que chegue ao conhecimento de todos lavrei o presente edital que será afixado no lugar de costume e publicado pela imprensa. Eu, Vicente Justiniano Barbosa, secretario o escrevi.

Secretaria da Intendência Municipal de Ceará-mirim, 31 de julho de 1917.


O Secretario
Vicente Justiniano Barbosa

BAÚ DE NOTÍCIAS

Publicado no Jornal O CEARÁ-MIRIM em julho de 1877.

ANNUNCIO

Fugiu no dia 14 do corrente mez o escravo João pertencente ao abaixo assignado: dito escravo tem os signais seguintes: côr branca. Idade de 40 annos, bonita figura, cabellos soltos, nariz afilado, foi vestido com roupa de algodão-zinho branco, chapeo de coiro já velho, o referido escravo e casado e tem parentes por parte da mulher no lugar Manguary do municipio do Ceará-Mirim, para onde vai a mulher de viagem, ou para a lagoa que fica duas leguas ao lado do tal Manguary, onde tem também familia na mesma razão; para mais particularisar gosta de trazer a tiracolo um bornal de coiro de ovelha com lã, fuma em cachimbo e toma algumas vezes tabaco. Gratifica se bem a quem o capturar e o for entregue ao coronel Filippe Bezerra na Villa do Ceará-Mirim, ou ao Dr. José Morreira Castello Branco na cidade de Natal. Fazenda Santo Antonio do termo da Villa de Angicos em 19 de julho de 1877.
Antonio Martins dos Santos

quarta-feira, 9 de março de 2011

VISITA A TABUÃO...

Gibson, Mestre Birico (Cabocolinhos), Professora Séphora e Mestre Tião (Congo de Guerra)


Comentário da Professora Séphora:
Gibson, boa noite!
Nosso Estado é considerado um recanto privilegiado do Brasil e essas considerações não são meras palavras, pois termos o privilégio de possuir e, inúmeras vezes, participar de experiências maravilhosas como a de sermos apresentados a pessoa de Seu Tião. Você não faz idéia da minha emoção e do quanto privilegiada me sinto e do quanto me senti revigorada para trabalhar mais e mais em prol de nossos velhos costumes. Maravilha também descobrir uma pessoa como você - sangue nobre para as coisas que valem a pena. Obrigada por fazer parte hoje desse universo.
Estou na luta para irmos ao Festival nacional de Folclore e lá apresentarmos as maravilhas de enossa cidade.
Grande abraço no Birico, figura sensacional e no velho mestre.
Abraços
Séphora Bezerra
Coordenadora do Pastoril DOna Joaquina
São Gonçalo do Amarante - RN

sábado, 5 de março de 2011

VISITA A TABUÃO



Mestre Joaquim, Gibson MAchado, Mestre Tião e Mestre Zé Baracho

05 de fevereiro de 2011.
Programei visitar os mestres Tião Oleiro e Zé Baracho na comunidade de Tabuão. Sabia que os encontraria, como de costume, sentados no oitão da casa, proseando como nos velhos tempos, relembrando fatos e causos que já vão distantes e somente a senilidade pode revivê-los com tanto sentimento.
Convidei outro companheiro de labuta e brinquedo, mestre Joaquim, para acompanhar-me no passeio. Ele aceitou e comunicou-me que levaria seu fiel escudeiro, um surrado cavaquinho, pois pretendia tirar umas cantigas com os velhos marujos do Congo de Guerra. Concordei e seguimos para Tabuão falando sobre os antigos engenhos e banguês do vale, suas riquezas, sua história e sua gente.

As reminiscências infanto-juvenis emocionavam o bardo menestrel, às vezes, sorria e lembrava fatos acontecidos na infância quando brincava nas terras do Engenho Laranjeiras, do velho Joca Sobral, pai de meu sogro Rafael Sobral. Dizia que sua vida foi passada nas bagaceiras e nos canaviais de Engenho Guanabara onde nascera, era um tempo que só volta nas lembranças, como uma quimera passageira, despertada pelo fantasmagórico apito das envelhecidas chaminés.

Os mestres cantando e tocando

Apesar de ser sábado de carnaval, marcando o inicio do período momesco, a comunidade parecia solitária, no entanto, lá estavam eles, sentadinhos como havia imaginado, conversando e fazendo previsões para o destino da cultura popular tão bem representada pelo brinquedo de Congo. Suas aparências melancólicas transformaram-se quando viram o velho amigo Joaquim, companheiro de tantos bailes e folguedos. A felicidade daquele encontro foi indescritível, eles falavam muito e lamentavam o tempo que não se viam.

Projeção do documentário do projeto Vernáculo

É difícil avaliar o tamanho da satisfação que tenho por ter proporcionado um momento tão significativo na vida dos companheiros de congada Tião, Zé Baracho e Joaquim, são muitos anos de convivência e vida: 96, 81 e 86 anos respectivamente, sobrevivendo a tantas diversidades e, apesar da importância de seus conhecimentos para a história e cultura brasileira, ainda são anônimos na terra em que nasceram e que ajudaram a construir com muito suor, lágrimas e desenganos, porém, a consternação é superada pelo reconhecimento e prazer que o folclore proporciona, embora, ultimamente, esteja em avançado estágio de hibernação cultural.
O objetivo da visita foi entregar aos mestres, os documentários que foram feitos com o grupo Congo de Guerra e projetá-los em telão para a comunidade assistir. Foi emocionante porque eles se viram e puderam sentirem-se como espectadores e o legal é que comentavam, cantavam e tocavam, acompanhando as jornadas. Foi uma tarde maravilhosa e inesquecível, um dia que ficará eternizado na memória de todos nós.

A próxima visita na comunidade será 10/03 – quinta-feira, quando farei reunião com a responsável pelo Centro Cultural, a jovem Emiliana, para tratarmos da continuidade do projeto Congo de Guerra e, também, do resgate das diversas manifestações populares que existiram na região e estão esquecidas, dessa forma, poderemos revitalizá-las dando um novo encaminhamento às propostas culturais local e, porque não, regional. Esse será o primeiro passo para podermos fomentar uma série de ações que possibilitem o reconhecimento e valorização das diversas tipologias artesanais tradicionais existentes e, também, revitalizar o Congo de Guerra, através de oficinas de dança e aulas teóricas sobre o fortalecimento da cultura popular.
Recentemente recebi o convite para participar do 47º Festival de Folclore de Olimpia no Estado de São Paulo, que se realizará nos dias 23 a 31 de julho. O convite se estende aos grupos folclóricos Cabocolinhos e Congo de Guerra. O festival homenageará o Estado do Rio Grande do Norte e Ceará-Mirim deverá, como outras cidades, representá-lo, pois o município tem o privilégio de ter dois Patrimônios Vivos que são Os Cabocolinhos e Mestre Tião Oleiro. É necessário que haja o apoio das instituições públicas para que nossa participação seja possível. Confiamos na sensibilidade daqueles que tem o poder de patrocinar um evento de tamanha importância para o município e, também, para o país, lembrando que no festival estarão representantes de vários estados brasileiros e diversos países.
A fim de fechar meu pequeno diário vou concluí-lo com um texto de Chaplin que fala da importância que é a amizade, a liberdade, a beleza e, principalmente da valorização da vida, sem cobiça, falsidade, desonestidade e tantas outras desumanidades. Um fragmento literário para reflexão:

“Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.”

sexta-feira, 4 de março de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO DE POEMAS DE AMARILDO




A PRODUÇÃO AÇUCAREIRA NO VALE DO CEARÁ-MIRIM

A PRODUÇÃO AÇUCAREIRA NO VALE DO CEARÁ-MIRIM
Por Laécio Fernandes Morais - Livro Ceará-Mirim, tradição, engenho e arte - 2005.

Ruínas da Usina Ilha Bela - Foto Gibson Machado

A ocupação das terras brasileiras se deu com a implantação simultânea da cultura canavieira. A organização da atividade açucareira, em seus traços gerais, tinha como elemento central o engenho, composto pela fábrica, com maquinário para retirar o caldo da cana e utensílios para produzir o açúcar, e pela grande propriedade para composição dos canaviais. Tal empreendimento foi estruturado com base no trabalho escravo, sob comando do senhor de engenho.
No Rio Grande do Norte, o cultivo da cana de açúcar teve início no século XVII. Em Ceará-Mirim, a indústria açucareira foi organizada em meados do século XIX, quando, em 1843, Antonio Bento Viana instalou o Engenho Carnaubal, que funcionou com a primeira moenda horizontal ao longo do vale.


Engenho Carnaúbal
A produção açucareira no município tomou impulso a partir de 1894 e manteve-se próspera até 1920, período em que ali foram instalados mais de cinqüenta engenhos. Na época Ceará-Mirim se destacava como principal produtor de açúcar no Rio Grande do Norte, sendo responsável por 60% da produção. Nessa fase, houve a iniciativa de se aperfeiçoar o processo produtivo no município, quando, em 22 de agosto de 1912, o então governador Alberto Maranhão assinou um contrato com Julius Von Sohsten, negociante estabelecido em Pernambuco, para instalação da primeira Usina Central.
Seu objetivo era centralizar e modernizar a produção açucareira, adequando-a às novas exigências do mercado internacional, incentivando uma mentalidade de caráter empresarial. O projeto “Usina Central” não foi realizado. No vale do Ceará-Mirim, a partir da década de 1920, foram implantadas três usinas de pequeno porte: a Guanabara, de propriedade de Antonio Basílio Dantas Ribeiro, a São Francisco, organizada no antigo engenho que pertenceu a Manuel Varela do Nascimento – Barão de Ceará-Mirim – e Ilha Bela, dos herdeiros de José Felix Varela.

Família do Coronel José Félix - início do século XX - Engenho Ilha Bela

Como conseqüência desse processo, a imagem político-social do senhor de engenho foi ofuscada pela figura do usineiro dinâmico, político e catalisador de influências. Diante da nova estrutura produtiva, muitos senhores, que não dispunham de recursos suficientes para modernizar suas unidades de produção, passaram à simples condição de fornecedores de cana-de-açúcar. A agroindústria se consolidava, alterando o cenário local. Muitos engenhos do município ficaram de “fogo morto”, pois muitos descendentes das tradicionais famílias cearamirinenses passaram a seguir carreira nos quadros do funcionalismo público.
A industrialização da atividade açucareira configurou uma nova realidade na produção, que atualmente é realizada pela Companhia Açucareira Vale do Ceará-Mirim, novo nome da antiga Usina São Francisco, dirigida por Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo. Dos vários engenhos existentes no vale, apenas o Mucuripe, de propriedade de Ruy Pereira Júnior, continua em funcionamento. Sua estrutura, que era organizada para produzir o açúcar mascavo, tem hoje seu maquinário adaptado para a fabricação apenas de mel e rapadura.

PERFIL DE UMA CIDADE

Nilo Pereira - varanda da Casa Grande do Engenho Guaporé
PERFIL DE UMA CIDADE
Texto do livro “Lembrança de Edgar Barbosa” de Nilo Pereira – 1978

Há cidades que dão “taquicardia sentimental”, diz mestre Cascudo. O coração pulsa diante delas como se fosse diante de antiga namorada. Sonho e realidade ao mesmo tempo.
Essa pulsação é a medida do passado. Dessa coisa imponderável que se chama passado, algo que ficou dentro de cada um, o mistério do tempo, um cântico de solidão e de amor.
A grande autonomia do Ceará-Mirim seria conter-se dentro de si mesma, vivendo o seu passado senhorial, as suas tradições patriarcais, o passado ilustre que se diria todo ele simbolizado na figura do Barão do Ceará-Mirim Manoel Varella do Nascimento, um tanto presente na sua distância infinita nas próprias decisões da cidade e na própria vontade do povo.
Aos vinte anos Edgar Barbosa escrevia a seguinte crônica digna do melhor paisagista ou impressionista que o Rio Grande do Norte tivesse para exaltar as belezas daquelas fecundidades sempre virgens:
“Quando te encontro, assim minúscula e humilde, escondida nos escaninhos da minha memória, minha querida cidade morta, pareces-me uma paisagem que a morte levou, lentamente, suavemente, entre um crepúsculo e uma noite, para o nunca mais”.

Porém, quando te vejo toda linda, toda verde em meus olhos doidos por ti olharem, és para mim quase menina, merecedora de uma rósea boneca de celulóide...
E não me desilude o teu colorido antigo; não me aborrece a tua monotonia; não me cansam os teus raios de sol, nem as tuas manhãs douradas, nem as tuas mesmas árvores, nem as tuas mesmas casas.
Esse teu cheiro bom de terra moça e virgem ainda não se dilui em meu olfato; esse teu perfume ainda esparso pelas madrugadas, pelas tardes de aves inquietas e felizes, pelo teu forte sol de meio-dia. Minha cidade, minha pobre cidade.
Existem em todos os meus sentidos, palpitas em todas as minhas emoções... Vejo-te sempre com o teu longo vestido verde, com as torres altas de tua igreja; vejo-te ainda em minha lembrança e no meu sonho...
Deixa que os outros digam que tu morres. Deixa que te julguem uma cidade túmulo, uma cidade deserta. Não deixaste de ser ainda para mim a cidade ilusão...
É pela esperança que me trazes, pela saudade que me deixas, pelo carinho que me concedes, minha triste cidade morta, e por todas as coisas que me ofertas em tua ternura e em tua beleza, que eu fecho os olhos às tuas ruínas e sofro contigo em teu desgosto...
Não chores porque os teus muros grisalhos te sepultam, não maldigas esse teu silêncio suave; e continua em tua volúpia de ser triste, ironicamente triste, com o teu largo vestido verde e os teus risonhos poentes, minha cidade ilusão, minha cidade viva, minha querida cidade morta...”

quinta-feira, 3 de março de 2011

CARNAVAL DA SAUDADE 2011

O Carnaval da Saudade é um evento que está dentro do calendário cultural da cidade de Ceará-Mirim. Sua última edição aconteceu dia 26 de fevereiro de 2011, no Centro Esportivo e Cultural.
Os organizadores da festa, os professores Bill, Albério e Fatima Fagundes estão de parabéns pela iniciativa de promover esse encontro tão importante, principalmente, para as famílias da província baquipiana.
O encontro é uma viagem ao túnel do tempo em que os foliões se reencontram com amigos que há muito não viam, e se deixam viajar no maravilhoso mundo da fantasia momesca, importando apenas, a felicidade, visivelmente estampada em rostos venturosos.
O legal neste ano foi à participação dos artistas da terra, a comissão organizadora procurou prestigiar os valores artísticos hibernados pela inércia da anti-cultura e, eles, não fizeram feio, pelo contrário, levaram os foliões ao delírio, pois, dificilmente veremos Daniel ou Luciano tão livres, contribuindo com suas belas vozes e perícias artísticas.
A escolha do repertório da Banda Kairus, liderada por Joazinho Sobral foi perfeita, souberam mesclar tudo que tinha de melhor, principalmente com a participação dos músicos da orquestra que em conjunto com nossos músicos nativos – Danilo, Sandro, Douglas, o filho do amigo Urbano na bateria, deixaram o público extasiado, principalmente, quando Luciano e Joazinho cantaram “madeira que cupim não rói” do mestre Capiba numa homenagem ao bloco pernambucado, Madeira do Rosarinho. A música é tradicional de Recife, porém sua força é tanta que nossos foliões entraram no embalo e fizeram um coro inesquecível.
A importância do evento para nosso município se dá devido ao resgate dos antigos carnavais e, também, a revitalização e preservação desta tradição, uma vez que os foliões são de várias gerações e, na oportunidade, eles vivenciam momentos que jamais viverão no carnaval atual nas nossas praias.
É necessário que a sociedade acredite na permanência do Carnaval da Saudade, assim, poderemos torná-lo atrativo aos cearamirinenses e àqueles que visitam nossa terra. Fazer cultura é uma atividade inerente ao ser humano, e, devemos busca-la em cada oportunidade oferecendo momentos de prazer, entretenimento e alegria a todos aqueles saudosos cearamirinenses, involuntariamente, afastados das manifestações populares tradicionais de nossa Briosa Vila.
O Centro Esportivo e Cultural mais uma vez está presente contribuindo com as ações culturais a que se propõe. Parabéns a nova direção, na pessoa de Carlos Lopes Junior, pelo empenho com que tem conduzido a instituição e ao diretor anterior, Ubiratam Severo, por ter dado condições entregando o Clube em ótima situação administrativa e financeira. É dessa forma que deveremos continuar a administrar esse maior patrimônio cultural de Ceará-Mirim, objetivando deixa-lo pronto para nossos sucessores, continuando o trabalho dos abnegados fundadores Antonio Potengi, Jurandir Carvalho, José Costa, Roberto e Heider Varella e tantos outros que ajudaram a construir tão importante retalho histórico e cultural do município.
Gibson e o presidente do Centro Esportivo Carlos Junior

O Carnaval da Saudade se caracteriza pelas fantasias dos foliões que todos os anos se superam e, ajudam, junto à ornamentação, abrilhantar os salões do Centro Esportivo. Há vários motivos para a escolha das fantasias. Eu, particularmente, sempre faço homenagem aos mestres da cultura popular, com fantasias do palhaço do pastoril, galante de boi de Reis e Burrinha. Neste ano, resolvi vestir a indumentária do Cabocolinho, grupo folclórico da cidade, inclusive, usando o cocar original do mestre Birico, que simboliza 80 anos de tradição popular e, também, pelo título de Patrimônio Vivo do Rio Grande do Norte conquistado em 2009.
Gibson e Esposa Flávia
É importante nos conscientizarmos de que nossas tradições não podem ser esquecidas e desvalorizadas, pois, nelas, estão as principais fontes de sabedoria de nossos antepassados e essas memórias deverão ser preservadas para a que as futuras gerações, através da geração presente, preserve a passada e garanta sua futura identidade cultural.