domingo, 17 de julho de 2011

MESTRE SANTANA

Mestre Santana - com camisa branca

Escultor cearamirinense Santana entre secretários e governadores no Salão de Turismo 2011 em São Paulo. Mestre Santana foi o autor e escultor do troféu entregue aos homenageados pela organização do Salão de Turismo. Concorreu com 18 escultores de todo Brasil e, cCeará-Mirim, mais uma vez, foi o vencedor do concurso. Nosso talentos brilham quando estimulados. Parabéns Mestre Santana. A fotografia foi do FB de Bartira Seixas Vicente.

A ACLA TEM UMA NOVA VISÃO DA ATIVIDADE CULTURAL

Capa do livro Ceará-Mirim memória iconográfica - Gibson Machado - 2008

A ACLA TEM UMA NOVA VISÃO DA ATIVIDADE CULTURAL

Todos já conhecem os múltiplos aspectos da cultura. Mas poucos tiveram a oportunidade de apreciá-la como parceira da educação, sob novo enfoque que não apenas uma extensão incidental inevitável.
A Academia Cearamirinense de Letras e Artes (ACLA), que será instalada oficialmente, com a posse dos sócios fundadores e da diretoria inaugural no próximo dia 10 de agosto, por deliberação dos seus integrantes, decidiu que os seus programas irão privilegiar o enlace com a educação formal.
No caso específico de CM, a cidade possui o maior acervo cultural do estado. É a mais representativa de uma fase histórica e econômica conhecida como o "ciclo da cana de açúcar" que teve o seu fausto no século XIX e os seus poetas e sobretudo os seus prosadores alcançaram tal notoriedade, que ultrapassaram os limites do RN.
Cito como exemplos, Rodolfo Garcia, membro da Academia Brasileira de Letras e patrono de sua biblioteca que conserva o seu nome; Jaime Adour da Câmara, cronista e jornalista de renome nacional, que se notabilizou com o primeiro livro de impressões de viagem que alcançou sucesso nacional: "Oropa, França e Bahia"; José Emidio Galhardo, o pai da Homeopatia no Brasil; Cônego Jorge O´Grady de Paiva, um dos maiores astrônomos do país; o grande jurista e homem público Meira e Sá, que apesar de ter nascido na Paraíba, foi na sua vivência cearamirinense ao longo de mais de vinte anos que forjou as suas idéias e se consolidou como dos maiores homens públicos do país.
No âmbito do nordeste, Maria Madalena Antunes Pereira foi acolhida como a mais expressiva memorialista; Nilo Pereira e Edgar Barbosa como dois estilistas inexcedíveis e Juvenal Antunes como poeta de estilo originalissimo.
Contemporaneamente, Sanderson Negreiros e Bartolomeu Correia de Melo podem ser considerados os maiores expoentes da chamada "Escola de Ceará-Mirim".
Na politica e na economia o município destacou-se também pela expressividade e influência dos seus líderes. Assim como o conjunto arquitetônico representado por seus casarões urbanos e rurais.
O cearamirinense acolhe com muito carinho a sua tradição e a preservação da sua autoestima, em meio à situação falimentar em que vive o município, tem muito a ver com essa tradição.
Por isso, decidimos estimular o entrelaçamento das atividades culturais com as escolas do município. Já está em andamento um dos nossos projetos, a que denominamos de "Memória dos Patronos", em que selecionamos as mais representativas figuras da política e da cultura local, para disseminá-las no âmbito do próprio local da homenagem. Por exemplo, a Rua Meira e Sá. Reuniremos os moradores, faremos a entrega do título de cidadão cearamirinense post-mortem aos familiares do homenageado e a aposição de uma placa com dizeres alusivos à personalidade pública do patrono. Em seguida, uma palestra sobre o "padrinho" da rua e a distribuição de folhetos com a sua biografia. Prossegue o projeto com a instituição de certames escolares sobre tais personalidades: concurso com premiação dos melhores trabalhos sobre os escolhidos, e outras atividades que mantenham acesa a memória então desperta dos homenageados.
Idêntico modelo será utilizado nos demais logradouros e escolas.
Por isso, vamos estabelecer um pacto com os educadores nesse sentido.
E não ficaríamos apenas na preservação da memória, na difusão dos exemplos modelares e do conhecimento produzido pelos homenageados. Mas criaríamos o hábito do CONSUMO CULTURAL. Estaríamos preparando o mercado de consumo das artes, da literatura e do espírito público, além de estimular a ética e o bom gosto popular.
É nosso compromisso fomentar as atividades culturais, sempre com repercussão na área educacional, senão nas escolas, que conserve sempre objetivos pedagógicos.

Domingo, 17 de julho, pelas seis e meia


Fonte: FaceBook de Pedro Simões: http://www.facebook.com/profile.php?id=100000266882272

quinta-feira, 14 de julho de 2011

47º FESTIVAL DE OLCLORE DE OLÍMPIA/SP

ATENÇÃO AMIGOS QUE ESTÃO NA REGIÃO DE SÃO PAULO, MINAS GERAIS, MATO GROSSO, RIO DE JANEIRO... entre os dias 23 e 31 de julho, Ceará-Mirim estará representado com três exposições fotográficas e o grupo Cabocolinhos, no 47º Festival de Folclore de Olímpia/SP, conforme os folders abaixo: Nos visitem!!!


EXPOSIÇÕES FOTOGRÁFICAS

1. DONA MILITANA: IMAGENS E VERSOS
Do Jornalista e Fotógrafo Wagner Varela
A exposição apresenta fotos documentais da Romanceira Dona Militana...

2. SÃO GONÇALO DO AMARANTE: “O PAÍS DO FOLCLORE”
Do Jornalista e Fotógrafo Wagner Varela
3. FEIRA LIVRE
Do pesquisador Alexandre Campestre

4. CEARÁ MIRIM E SUAS TRADIÇÕES
Do historiador e professor Gibson Machado

5. RENDEIRAS DE JACUMÃ e a produção artística cearaminense

Do historiador e professor Gibson Machado

6. FOLCLORE DE CEARÁ MIRIM: Força de Uma Terra de Canaviais

Do historiador e professor Gibson Machado

7. OS MÁRTIRES DE CUNHAÚ E URUAÇU – A SAGA DA FÉ
Do pesquisador Padre Antonio Murilo de Paiva – Capelão dos Mártires de Uruaçú
8. COLETÂNEA – PASTORIL DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE Fotografias de Antonio Scarpinelli (Unicamp/SP), Isaias Carlos, Jr Figueiredo e Lenilton Lima e do Acervo Particular de Professor Deifilo Gurgel.
9. ACERVO DA COMISSÃO DE FOLCLORE DO RN
10. BRINQUEDOS POPULARES DO RIO GRANDE DO NORTE – Prof. Lerson
11. ACERVO DA FUNCARTE – Fundação Capitania das Artes e do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão
12. ACERVO DA TV UNIVERSITÁRIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
13. ACERVO PARTICULAR DO PROFESSOR DEIFILO GURGEL
14. ACERVO PARTICULAR DE ALCIDES SALES
15. ACERVO DE ANCHIETA XAVIER

ABRANGÊNCIA DO FESTIVAL:
Público Estimado: 250 000 mil pessoas (31.250/dia)
Potiguares envolvidos: 280
Abrangência da Mídia: 3,5 milhões de pessoas
Área compreendida diretamente: Noroeste Paulista, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Noroeste do Paraná.
Intenção de retorno: 87%.
Estandes Comerciais: 70
Praça de Alimentação: 03 restaurantes com capacidade de 800, 05 capacidade de 100 pessoas.
Estados participantes: 13
Grupos participantes: com 83 grupos
Total de Apresentações de Danças Folclóricas: 250
Total de Componentes: 3.500
Refeições servidas: 26 mil
Escolas Participantes: 11
Artesões Participantes: 260
Concurso de Arte: 210 artistas
Parque de diversões: 01
Empregos diretos: 800
Empregos indiretos: 3.500
Empresas que participam com cotas de patrocínio no ano de 2010: 98 (noventa e oito)

LIVROS


Folclore e Cultura Popular, de Severino Vicente

Acervo da Fundação José Augusto

Espaço e Tempo do Folclore Potiguar, de Deifilo Gurgel

CEARÁ MIRIM: MEMÓRIA ICONOGRÁFICA – Gibson Machado Alves


AMIGOS LEITORES QUE ESTIVEREM NAS REGIÕES PRÓXIMA A OLIMPIA COMPAREÇAM PARA VISITAR O PAVILHÃO DO RIO GRANDE DO NORTE - ESTADO HOMENAGEADO NO EVENTO.

sábado, 9 de julho de 2011

A RUA DAS CASAS GEMINADAS

A RUA DAS CASAS GEMINADAS
Ao meu amigo e confrade Gibson Machado, historiógrafo e historiador do Ceará-Mirim





Rua da Aurora - foto de JulioSenna -1939


Até construirmos a casa definitiva, tivemos um ciclo de casas alugadas. Rua da Estação, Rua São João, Rua Pedro Correia e Rua São José. Evidentemente os nomes das ruas guardam conformidade com o tempo em que as habitamos. Dessas,... cada uma com a sua história apreciável, destaco as casas geminadas da rua Pedro Correia (antes Rua da Aurora, hoje Heráclio Vilar).
Situava-se no centro da cidade e tínhamos uma vizinhança privilegiada: o cinema de Jorge Moura, a “venda” de Chico Dantas, a escola de Dona Alzira de Sá Pereira, esposa do comerciante Chicó Pereira, nossos vizinhos; o palacete de Doutor Canindé Cavalcanti, onde também funcionava o seu gabinete dentário, a casa de “Batú” de Sá, o responsável pelo primeiro “grito” de carnaval, o Zé Pereira, O Bar de Sílvio Brandão e o “Café” de Cleto Brandão, seu irmão.



Bar O Moderno de Silvio Brandão



Valmir Varela e , ao lado, parte do Cinema de Jorge Moura


A casa de Jorginho Barreto e dona Nilsen me chamava atenção, porque o piso se situava abaixo do nível da rua, diferentemente da casa da matriarca dona Coryntha Barreto, mãe de Jorginho, em frente à casa do filho, cujo piso se elevava uns dois metros do calçamento da rua. Mais adiante, Clóvis Soares conservava dois leões de cerâmica como guardiões do seu bangalô. Ainda mais adiante, a igreja de Nossa Senhora da Conceição, convergência de toda o ecantamento da cidade.
O calçamento da rua era de pedras, depois substituída por paralelepípedos. (Lembrava-me sempre daquela marchinha – “se esta rua fosse minha eu mandava ladrilhar, com pedrinhas de brilhante...”). Os canteiros guardava os pés de fícus benjamim, dividiam a rua e moderavam o trânsito de carros, carroças e animais pelo estreitamento das vias laterais.
Depois que Jorge Moura, o dono do cinema, decidiu morar em Natal, a sua casa foi adquirida por Aurelino Marinho e dona Augusta, pai e mãe dos meus amigos Franklin e Guilherme (este, já falecido). “Seu” Aurelino, todas as tardes deliciava os meninos de seis a sessenta anos, com o famoso “leite no peito da vaca”. Trazia uma ou duas vacas de leite e as postavam no canteiro em frente à sua casa onde um vaqueiro extraia do úbere do animal um leite quente que era injetado diretamente num copo já misturado com açúcar e Toddy .
“Seu” Alegria, o mágico, era dono de um circo com o seu nome. Vinha à cidade uma vez por ano para alegria da população inteira que era apaixonada por espetáculos circenses: a meninada, pelo palhaço, as mulheres, pelos “dramas”, os homens, pelas dançarinas, e todos, pelos malabaristas, trapezistas e mágicos. Registro a passagem de uma famosa rumbeira, Mascotinha, que despertou tanta paixão num dos rapazes da rua, filho de um figurão da cidade, que, se não fosse a malícia e autoridade do pai, teria fugido em companhia da estonteante artista da dança.
A maior atração do “seu” Alegria era fora do circo. Quando passava pela nossa rua, tirava folhas dos pés de fícus, as dobrava ao meio no sentido longitudinal, punha-as na boca e com um assopro que a nós parecia especial, extraia famosas melodias então em voga, para surpresa da garotada.

Valmir Varela e dona Celina, moravam no cruzamento com a rua São José, numa casa encravada num terreno aterrado, muito alto, bem acima do nível da rua. Dona Celina e sua filha Adália eram uma das maiores atrações da nossa rua. A qualquer hora podia-se ouvir as belíssimas composições tocadas no piano, especialmente no final da tarde, quando, improvisadamente, havia um duelo musical entre os Ferreiras Varelas (Celina e Adália) e os Cavalcanti (Anchieta e Lourdinha), também exímios pianistas.

Casarão de Luis Ferreira - pai de Dona Celina



Manhãzinha cedo e ao por do sol, um cheiro irresistível de pão assado descia do beco da padaria de João Neto, dobrava a casa de Aurelino, no sentido da igreja, e de Doutor Canindé, no caminho das usinas. A este aroma se associava o do café pilado e torrado em casa, fervendo no fogão de lenha de todas as casas.
Em frente ao Café de Cleto, os trabalhadores das usinas vinham em grupos, a pés, em lombos de burros e cavalos ou nas carrocerias dos caminhões. Expressões cansadas e ansiosas, chapéu de palha enterrado na cabeça, foice sobre o ombro, roupa surrada de trabalho e uma piúba no canto da boca, assuntavam o trivial do trabalho e as expectativas da noite.
Foi defronte à casa do casal Chicó e Alzira, onde se exibiu o primeiro ônibus da linha Ceará-Mirim-Natal, de propriedade de Lauri Farias, então noivo de Ieda, filha do casal. Tive a honra de ser, ainda muito criança, um os passageiros do passeio inaugural pelas ruas de Cará-Mirim, distinguido pela dupla condição de aluno de dona Alzira e filho dos diletos amigos e vizinhos da família.
Nos dias de cinema, desfilavam os pipoqueiros, os vendedores de confeitos, pirulitos, cocadas , bolos e roletes de cana. Dentre eles se destacava Inácio, que carregava um tabuleiro de madeira preso ao pescoço com uma tira de couro, contendo confeitos, chicletes, pastilhas e chocolates. Depois viria a ser Inácio Magalhães de Sena, um respeitado intelectual autodidata.
Zé Félix, uma das mais pitorescas e populares atrações da cidade, apresentava-se nos “Domingos Alegres” no cinema de Jorge Moura. Numa dessas apresentações, caracterizou-se como Carmem Miranda interpretando o “Tabuleiro da Baiana”. O público delirou de tanto prazer que a partir daí conquistou a merecida fama de maior artista da cidade. Nessa época o cantor e transformista trabalhava como servente do bar de Silvio Brandão, vizinho ao cinema.

Era em frente à casa de Batu de Sá, que os blocos carnavalescos faziam as suas melhores evoluções. Era lá que Aluizio Alves, conhecido como Aluizio “pipilza”(ou piu-piu), apresentava-se com as suas melhores fantasias. Lembro de duas “performances”: do sapo (ao som da música “Sapo não lava o pé...”) e de Disco Voador (“Eu vi, eu vi, eu vi sim senhor, n Barra da Tijuca um isco voador...”). Era lá também que se formava o bloco dos casados, a que Clóvis Soares deu o nome de “Chamas que não aquecem”.
Era no “Beco de Chico Dantas” que os casais “pecaminosos” realizavam os seus atos de amor, acobertados pelo escuro e o vazio de casas. Tempos depois, a “esquina de Chico Dantas” abrigaria a rapaziada preocupada com o futuro da cidade, do país e do mundo. Era também por lá (ou na esquina da loja de Manoel Correia) que em noites de lua MIsael afinava seu violão e aguardava os seresteiros para se perderem nos caminhos da boemia que findava no Cipó.
E também onde Antonio Domingos, a locomotiva humana, soprava baforadas de fumaça e assobios na condução do seu trem imaginário. Onde Maria Leonor e outras devotas, pelas cinco e meia da manhã, se dirigiam contritas e disciplinadas à primeira missa do dia.
Onde os cachorros cachorravam, os gatos azunhavam, os caminhões apitavam naquele som fanhoso e desafinado que só ele, as bicicletas avisavam os pedestres com os seus “trim-trim” e “fon-fon”. Os botadores d´água, com os burros carregados de barris, estalavam os seus chicotes estimulando os “roxinhos” a espantarem a preguiça.
E onde Café Filho, no fim dos anos quarenta/início dos anos cinqüenta, realizou um comício de sua cruzada sindicalista que lhe valeu o titulo de comunista, apoiado pelo usineiro e ex-prefeito da cidade, Luiz Lopes Varela, depois senador da República, assumindo o mandato de Café, de quem era suplente, quando este se elegeu Vice-Presidente da República na chapa de Vargas.
Comício de Café Filho na rua da Aurora


Esta é uma das ruas de Ceará-Mirim, terra onde cada uma das casas, calçadas e pedras das vias públicas, contam uma história de passado picaresco, heróico, dramático e glorioso.
Por isso digo como Fernando Pessoa que nenhum rio é mais belo que o Baquipe, porque este é o rio que banha a minha aldeia.

PEDRO SIMÕES, escrevente juramentado da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rio dos Homens.