segunda-feira, 9 de julho de 2012

FOTOPOEMAS

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PARQUE BOCA DA MATA. UMA TRISTEZA!



Hoje fiquei surpreso quando observei o estado em que se encontra o pouco que resta do “Parque Municipal Boca da Mata”. Esta área foi conquistada pelo Ministério Público, uma luta do promotor Antonio Siqueira para ser uma área de preservação que foi criada em 2008. No entanto, estão derrubando a mata e contrabandeando sua fauna e flora.
Torna-se visível o roubo e o desmatamento em toda sua extensão. É certo que o parque foi apenas criado e inaugurado, entretanto, efetivamente, nunca foi feito nada que o ajudasse a se recompor da degradação e do desmatamento.
Há LEI no município que orienta seja plantada uma árvore naquele local por cada recém-nascido na cidade. Não tenho conhecimento se isso está sendo cumprido. Na verdade há uma área de quase 100 hectares aparentemente abandonada e entregue aos ESPERTOS que, na calada da noite ou mesmo durante o dia, estão se apropriando desse PATRIMÔNIO MUNICIPAL.

A Lei Orgânica do Município no Capitulo IV do Meio Ambiente, Art. 98 diz que:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Publico e à coletividade o dever de defendê-lo, e de harmonizá-lo, relacionalmente, com as necessidades do desenvolvimento socioeconômico, para as presentes e futuras gerações.
No Parágrafo Único do mesmo Art.98: Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao Poder Público:
I – Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistema;
II – Preservar e diversificar a integridade do Patrimônio genético do Município e fiscalizar, nos limites de sua competência, as entidades dedicadas à manipulação de material genético;
III – Definir, supletivamente à União e ao Estado, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através da lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV – proteger a FAUNA e a FLORA, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade;
V – Obrigar aquele que explora os recursos minerais a recuperar o maio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei;
VI – Exigir o reflorestamento pela respectiva empresa de área de vegetação, de onde retirem matéria prima para combustão;


Diante do exposto, é necessário que a população cobre dos candidatos, nesta eleição, o cumprimento da Lei Orgânica que é dos anos 1990 – quem sabe até fazer as alterações necessárias às novas realidades. Por que, senão, o Parque e “Área Verde” do município terminarão sucumbindo às especulações imobiliárias.
Vamos observar, NAS PROPOSTAS DE GOVERNO, o que está sendo abordado para o meio ambiente, a cultura, educação, saúde, segurança, entre outros. É hora da juventude de nossa cidade lutar por uma terra com oportunidades e melhor qualidade de vida. É responsabilidade das novas gerações mudar o sistema político que foi instalado “culturalmente” durante décadas. Um processo falido e injusto, em que os poderes de barganha e econômico imperam nas escolhas, que deveriam ser feitas democraticamente, no entanto, ainda convivemos (infelizmente) com práticas centenárias, em que o “voto de cabresto” ainda roda nas eleições. É um fato, que mudou a forma de fazê-lo, porém, a essência é a mesma.
A degradação do meio ambiente não está sendo somente no Parque Municipal, ela ocorre drasticamente na bacia do rio Ceará-Mirim, principalmente na utilização da areia do rio para a construção civil e nos dejetos jogados no leito. As lagoas de decantação do município é um processo ultrapassado. É necessário que haja saneamento em toda cidade e seja instalada uma usina de tratamento. Além disso, fazer cumprir a lei e reflorestar todas as matas ciliares da bacia hidrográfica do rio Ceará-Mirim. Há exemplo de sucesso com relação ao reflorestamento e recuperação das fontes de água de nossos olheiros. Um exemplo real de reflorestamento no manancial é a recuperação de uma nascente no Rancho Boca da Mata, cuidada por Luiz Correia.
O povo tem o poder de escolher e não é possível que em pleno século XXI onde as tecnologias e a era da informação tornam as comunicações mais rápidas e visíveis, ainda tenhamos que nos curvar às práticas arcaicas de uma gestão pública falida em que os interesses do povo estejam sendo colocado (na prática) em segundo plano, sob uma injusta administração voltada apenas e simplesmente para projetos pessoais.
O ocupante da Cadeira do Solar Antunes deve ter em mente que a cidade e sua população são prioridades e que os projetos de governo apresentados sejam direcionados para o bem estar da população, gerando empregos e qualidade de vida.
Este singelo texto não é nenhum manifesto, nem protesto, apenas, chamo a atenção de nossos conterrâneos para analisar bem quem escolherão para governar a cidade e sua gente. O voto é um instrumento pessoal e uma arma que pode ser usada contra práticas de corrupção, maracutaia, prepotência, ganância, mentira, usura...O voto, neste período de campanha eleitoral, é muito valioso, mas, esse valor não é material, é um valor moral, um valor de cidadania...CEARÁ-MIRIM TEM JEITO!!!

sábado, 2 de junho de 2012

VIVA TIÃO OLEIRO - 98 ANOS



            Em 14 de Maio de 2012, o Sr. Sebastião João da Rocha, o Tião Oleiro, que é o mestre dos “Congos de Guerra de Guanabara”, completou 98 anos de vida, desses, (90) noventa dedicados à cultura popular e (78) setenta e oito ao grupo folclórico Congo de Guerra, que foi revitalizado em maio de 1934.
            O artista popular nasceu em 14 de maio de 1914, no engenho Guanabara, em Ceará-Mirim/RN. Quando criança frequentava os terreiros dos engenhos onde brincava e, ao mesmo tempo, observava a labuta dos mais velhos. Quando podia, sua diversão era abrir cancela e pegar carona nos carros de bois, por conta disso, muitas vezes apanhou de seus pais, no entanto, entre uma surra e outra, foi aprendendo o traquejo das tarefas desenvolvidas pelos agricultores nos partidos de cana. Logo cedo, aos seis anos, ajudava o pai na lavoura, cuja tarefa era espantar os passarinhos.
            Na adolescência o menino Tião ajudava no engenho e, dessa forma, aprendeu todas as tarefas necessárias ao bom funcionamento da fábrica de mel, açúcar e rapadura.
            Chegado o período das moagens, o Senhor Joel, proprietário do engenho Grande testava os maquinários, gerando uma expectativa muito grande nos moradores da região, principalmente quando as máquinas eram colocadas em funcionamento e surgiam os primeiros sinais de fumaça na grande chaminé. Era uma alegria indescritível, todos os empregados ficavam felizes e faziam festa. Começava uma fase de bonança, onde todos teriam condições de viver bem, como ele costuma dizer, de barriga cheia.
            O mestre lembra das madrugadas quando o apito do engenho Grande quebrava o silencio do vale, era hora de iniciar as atividades e, ele, era o primeiro a chegar, pois, muito jovem, corria para tomar garapa de cana. Seus olhos brilham, parecendo sentir o cheiro e sabor do líquido açucarado.
            Certo dia, o gerente de Seu Joel, o velho Estevão, o convidou para trabalhar no engenho, sua tarefa seria alimentar a caldeira. Botar fogo na fornalha. Aos quinze anos iniciou sua vida na labuta dos engenhos, aprendendo o ofício de folgueiro, ensinado pelo velho gerente. Quando era dia de pagamento, ele ficava muito satisfeito e recebia feliz seus dez tons pelo fogo botado na fornalha.
Mestre Tião e Gibson Machado

            A vida de agricultor foi totalmente dedicada ao engenho Guanabara, tudo que aprendeu foi lá. As experiências transmitidas pelos mais velhos, pelos pais, pelos filhos, pelos amigos, cada dia era um ensinamento, por isso, diz nostálgico, “adoro aquele pedaço de barro”. O Guanabara foi seu professor e, por isso, não gosta de andar pelo vale que o viu nascer e crescer, são muitas lembranças boas e não se conforma em vê-lo acabado, abandonado, um patrimônio importante que deixaram morrer.
            Suas lembranças estão vivas e uma das coisas que mais lembra é o respeito que tinham pelo gerente do engenho. Ele era um pai para todos. Nunca foi preciso recorrer as autoridades para resolver as questões pessoais e de trabalho do engenho. A justiça era feira pelo gerente e o dono. Não eram permitidos desentendimentos entre os trabalhadores. Isso era muito bonito porque passava tranquilidade e todos viviam felizes.
            Para o mestre Tião, o engenho Guanabara foi o patrimônio mais bonito de Ceará-Mirim. Lamenta ver todos os engenhos acabados e não entende porque deixaram tantos patrimônios abandonados, principalmente porque eles sustentavam todas as famílias. Os moradores dos engenhos plantavam de tudo. O vale era muito rico, plantavam feijão, milho, batata, arroz, algodão... tinha de tudo. Esses alimentos abasteciam as cozinhas das casas e sobrava para vender na feira de Ceará-Mirim. Toda essa riqueza saia do vale. O povo plantava e comia dali. Os engenhos tinham bons sítios, tinham patrões e moradores. Infelizmente hoje não existem mais patrões, existem empregadores e, estes, não querem ver os empregados.
            A proximidade do engenho Guanabara com o Laranjeiras contribuiu para que o menino Tião tivesse uma relação amigável e fraterna com as crianças de Joca Sobral. Brincavam muito juntos. Lembra que as brincadeiras eram de meninos e meninas. Brincavam de tica tica e, principalmente, de dar balão no rio. Quando anoitecia brincavam com cantigas de rodas, cirandas, atirei o pau no gato. Os pais e as mães ficavam assistindo as brincadeiras. Ainda lembra de uma música: “Senhora dona Viúva, com quem tú quer se casar, é com o filho do rei ou é com o do generá, generá?? E respondiam: “Eu não quero esses homens que não chega para mim. Sou uma pobre viúva e coitada de mim, de mim. Ô valentin, tim, tim, Valentim, meu bem”. Com o olhar distante e pensativo, diz que essas brincadeiras da infância distante é cultura popular. É folclore.
            Foi um jovem muito curioso e obstinado, por isso, aprendeu a tocar fole sozinho. Seu irmão era tocador, mas, não queria ensiná-lo. Na sua ausência aprendia a tocar escondido. Sua primeira experiência foi em um baile. Tocava com um amigo mais experiente e, no meio da festa, o colega o abandonou e teve que terminar sozinho. Foi o início de sua vida como artista e sanfoneiro.

            Tocava em todas as comunidades, principalmente no povoado de Palmeiras onde havia muitos pastoris nos sábados. Gostava de tocar no Pastoril. As moças começavam a dançar, então, o cavaleiro oferecia, na época, por exemplo, dez contos para dançar com uma pastora escolhida. Outro concorrente oferecia doze contos para aquele parar de dançar. Assim, no final da festa, o dinheiro recolhido era dividido com o sanfoneiro. Foi um tempo que não havia maldade, desavenças, as pessoas respeitavam as outras.
            Em 1935, ele teve uma experiência muito ruim. Tinha estourado a revolução e no engenho só tinham notícias vagas, não sabiam o real perigo que aquilo representava. Seu Tião veio a Ceará-Mirim com três amigos para fazer uma visita ao seu pai que se encontrava no Lazareto, que era um leprosário. Quando falou com o pai, este o aconselhou para que não passassem no mercado, pois estava muito perigoso. A curiosidade dos jovens foi maior e eles resolveram passar pelo local. Chegando lá foram abordados por um sargento do exército revolucionário que estava acampado na antiga delegacia.
            Foram levados para a delegacia e receberam rápidas instruções de como manuseariam os rifles e para espanto de Seu Tião, o sargento entregou-lhe um bornal com 40 balas e disse-lhe que iriam atacar Touros bem cedo, mas antes ficariam de guarda na ponte de ferro sobre o rio Ceará-Mirim.
            Qualquer carro que cruzasse a ponte era para atirar, com exceção de Juca Fonseca. De madrugada, um frio de medo e de temperatura o deixava trêmulo, até que apareceu um carro e o soldado de sentinela o mandou para a ponte a fim de interceptar o veículo. A ordem era atirar nos pneus. Para sorte de seu Tião, o carro era de Juca Fonseca e ele escapou do primeiro tiroteio.
            Quando chegaram pela manhã na delegacia, ele pediu ao sargento para ir tomar um café na casa de seu tio que ficava ali perto. O sargento o fez prometer que voltaria e o deixou ir. Ao sair da delegacia ele tomou o caminho de casa de uma carreira só e quando chegou no engenho Guanabara soube que a revolução tinha terminado e que os soldados tinha sido dominados em Ceará-Mirim, embaixo de um forte tiroteio, que foi escutado por ele, quando fugia, assim escapou do segundo tiroteio.

 Apresentação do Congo de Guerra em 06/12/2011

           Quando criança, aos Oito anos, brincava no Congo de Saiote do pai João da Rocha. O Congo é um folguedo popular que faz referências às lutas medievais e embaixadas a soberana africana Jinga. Aprendeu as jornadas e músicas do brinquedo com seu pai, quando ia para o roçado. Iniciou no brinquedo como marujo no final da fila.
            Em 1934 recebeu do pai a responsabilidade de não deixar o brinquedo morrer. Assim o fez. São (78) setenta e oito anos lutando contra a ignorância, a falta de incentivo e, principalmente, pela preservação daquela tradição centenária, pois, existe desde 1900 quando foi criado pelo velho João e o ex-cativo Pedro Macenas.
            Conhecer o Mestre Tião é uma viagem à história de Ceará-Mirim. Sua simplicidade nos faz sonhar, imaginar e viajar em seus contos, nas histórias da bagaceira, sentindo o cheiro da cana, ouvindo o barulho das máquinas e o cantar das rodas do carro de boi.
            Minha relação com o artista já somam 13 anos. Nesse período temos travado muitas lutas pela valorização e reconhecimento de seu esforço para manter seu grupo folclórico vivo.
Em 2007 a Fundação Roberto Marinho, através do Canal Futura fez um documentário sobre o Mestre. As filmagens aconteceram na comunidade de Tabuão no mês de setembro. O documentário foi “A beleza do meu lugar” e foram escolhidas 16 figuras populares em todo o Brasil. O documentário do Mestre Tião Concorreu ao XIX Festival de Curtas de São Paulo.
Em função do documentário a Fundação Roberto Marinho mandou pintar um painel do Mestre Tião na galeria de sua sede no Rio de Janeiro.
Coordenadora do Canal Futura Nordeste Ana Amélia em frente ao painel de Mestre Tião - RJ

Ainda em 2007 as meninas do Projeto Vernáculo fizeram o documentário sobre o mestre e o Congo de Guerra, que concorreu no Festival de Curtas Potiguares.
Em 2009 inscrevemos o Mestre no Programa da Fundação José Augusto “Patrimônio Vivo do Rio Grande do Norte”, onde o mesmo foi selecionado, recebendo uma bolsa mensal pro resto de sua vida.
Ainda em 2009, concorreu à premiação do “Culturas Populares Mestre Dona Isabel” do Ministério da Cultura. Ele foi selecionado entre mais de 2000 candidatos em todo o Brasil. Infelizmente até hoje não recebeu a premiação. Atualmente estamos reivindicando junto ao Ministério da Cultura o pagamento do prêmio.
Valorizando a cultura popular e suas figuras importantes, os vereadores Ronaldo Venâncio e Julio Cesar fizeram duas homenagens ao mestre. O primeiro o homenageou na Câmara Municipal em seu mandato anterior e o segundo, o fez, na comunidade de Massangana juntamente com o mestre José Baracho já falecido. Ainda restam algumas esperanças com relação a preservação de nossas manifestações populares. Uma prova que a cidade tem muitos talentos, e com um pouco de sabedoria e compromisso, podem explodir para o mundo. Como diz meu amigo Pedro Simões, nosso presidente da ACLA, “CEARÁ-MIRIM TEM JEITO!!!”
Diante de toda essa linda história, temos obrigação de reverenciar esta figura tão importante para a cultura do Brasil e agradecer pelo que fez pela preservação de nossas manifestações populares, através do folguedo Congos de Guerra – como ele mesmo diz: “sou feliz e morro satisfeito por ter preservado esse brinquedo”.
            Ave, Ave, Ave, MESTRE TIÃO!!! Que sua luta nos contagie, fortalecendo ainda mais essa vontade de” fazer e fazer”... “Qualquer hora chegaremos lá!!!”

sábado, 19 de maio de 2012


COLÉGIO DE SANTA ÁGUEDA


Em 1987 o Colégio de Santa Águeda comemorou o seu Jubileu de Ouro e, naquele ano, foi prestada uma homenagem ao fundador do colégio, o ex-prefeito de Ceará-Mirim, o senhor Mirabeau da Cunha Melo.
A escola era dirigida pela Irmã Maria Regina Pacis e, a programação pelo cinquentenário foi muito bem organizada entre os dias 27/08 a 04/10/1987. Show com o cantor Silvio Brito, abertura dos XV Jogos Internos, Sessão Solene com Seresta, Celebração Eucarística e apresentação do Coral da UFRN, Festa de São Francisco e apresentação da Orquestra Sinfônica do RN.
Durante a homenagem ao ex-prefeito Mirabeau da Cunha Melo, seu filho, professor Manoel Benício de Melo Sobrinho proferiu um discurso de agradecimento onde faz uma viagem no tempo, nos informando toda história da fundação do colégio.
Nestes 75 anos de fundação da instituição de ensino, é interessante que os cearamirinenses conheçam parte dessa história através do discurso no professor Manoel Benício de Melo Sobrinho, na sessão magna promovida no dia 02 de outubro de 1987:
“Esta solenidade marca um momento histórico no calendário desta cidade de Ceará-Mirim – O Cinquentenário da Fundação do Colégio Santa’Águeda.
Os acontecimentos têm sua crônica, o registro de circunstâncias, de fatos, de ocorrências que definem a época, identificam o ambiente e os impulsos humanos que fazem germinar as ideias, os projetos e afinal as realizações.
O acontecimento que se celebra nesta noite memorável e alegre, é muito grato ao povo acolhedor desta cidade e, particularmente cheia de recordações para quem viveu e acompanhou, embora ainda criança, os primeiros passos para a conquista e implantação deste empreendimento.
       
Foto provavelmente no início da década de 1940
No centro padre Amâncio Ramalho e irmã Gabriela


Tudo aconteceu em 1937. Meu Pai, Mirabeau da Cunha Melo, exercia a honrosa missão de governar Ceará-Mirim como prefeito nomeado e depois eleito pelo sufrágio de seu povo em eleição democrática e pacífica.
Naqueles anos, a receita modesta d prefeitura, originária de uma economia sacrificada pelas dificuldades de uma agricultura canavieira sem proteção oficial, e de um comércio limitado ao círculo carente da vida interiorana, não lhe alimentava a esperança de realização dos planos desejados para desenvolvimento do município e da cidade. Mas, jamais a compreensão, a convicção e a força de superar esse cenário de limitações, o inibiu de realizar, pelo menos, alguma das prioridades mais reclamadas pelo município. E sua iniciativa, na ordem dessas prioridades, levou-o a decidir pela implantação de um Colégio para a formação pedagógica dos jovens filhos da terra.
Lançada a ideia com propósitos firmes e obstinados, encontrou de imediato, como não podia deixar de acontecer, o apoio irrestrito da população e de suas forças de liderança.
Na época, a atividade escolar em Ceará-Mirim resumia-se ao ensino primário pelo Grupo Escolar. Além deste, algumas escolas particulares se  preocupavam também com o ensino primário e a preparação para os exames de admissão ao curso secundário nos Colégios de Natal. Dois nomes me sugerem indispensáveis menções por evocarem presenças luminosas de inteligência e dedicação pedagógica na paisagem cultural da Cidade de então. Ambos professores, escritores e poetas de rara sensibilidade e que inscreveram seus nomes além do cenário local para se projetarem à admiração e à exaltação do Estado e do país. Adelle de Oliveira, educadora nata e devotada de muitas gerações e Abner de Brito, espírito lúcido e de convicções filosóficas, dominando fluentemente o Francês e o Inglês com aprofundados conhecimentos da Língua Portuguesa e do Latim. Ambos, como disse, poetas e escritores, hoje presentes na saudade e no reconhecimento de quantos como eu, que receberam desses mestres inesquecíveis as lições introdutórias da formação para o trabalho e para a vida.
Nesse ambiente provinciano, o objetivo do idealizador do futuro Colégio Santa Águeda, consistia em favorecer o estudo em grau médio e profissionalizante aos jovens da terra que não tinham recursos para acompanhar outros jovens mais afortunados que se destinavam aos Colégios de Natal.
E assim foi pensado, assim haveria de ser feito. O Colégio a ser criado, segundo a sua vontade, teria a direção e responsabilidade didática de uma Ordem Religiosa, para que a educação pretendida, de formação profissional, para o magistério, fosse embasada na formação religiosa-cristã.

Não bastava simplesmente a criação de um Colégio na sua expressão simples, mas, para os objetivos idealizados, era preciso criar um educandário que, de par com o ensino específico como Escola Normal, concorresse, sobretudo, para a formação da personalidade dos jovens futuros alunos, imprimindo-lhes as noções dos valores reais e fundamentais da vida e da sociedade.
Uma formação que além de inspirar os elementos indispensáveis ao desempenho consciente do exercício profissional, contribuísse, paralelamente, para uma compreensão objetiva e equilibrada dos deveres morais, cívicos e religiosos, indispensáveis ao senso de responsabilidade e integridade profissional.
Só assim o projeto se completaria nos fins para cumprir sua missão, coerente com a vontade e propósito do seu idealizador.
Lembro-me, ainda, na evocação dos diálogos captados, inconvenientemente, pela curiosidade infantil, e mais tarde confirmadas por meu pai, que o nosso Bispo da época, Dom Marcolino Dantas, apesar do aval entusiasmado e confiante do Cônego Celso Cicco, vigário desta cidade, não se rendera fácil a ideia de responsabilizar uma ordem religiosa para a direção do Colégio. Achara o projeto audacioso e temia, prudentemente, por um insucesso. Mas, se vacilou por algum tempo, não vacilou por muito tempo e, oportunamente, acabou por concordar, aprovar e autorizar a Ordem das Franciscanas do Bom Conselho, para assumir o desafio de implantar o Colégio e lhe dirigir os destinos.
Primeira turma do Ginásio Santa Águeda - 1938
A segunda da esquerda para a direita em segundo plano é Celina Ferreira
Em baixo a da esquerda para a direita,a 2ª é Mara Cabral e 3ª Lourdes Moura 

Os meios materiais, todavia, já estavam assegurados para o começo de vida difícil e desafiadora da missão pelas irmãs. Atitudes generosas e altamente solidárias marcaram ponto alto nesse momento. O industrial Onofre José Soares Junior, ofereceu a casa de sua residência – hoje o velho sobrado ao lado deste novo edifício. À época uma das melhores residências da Cidade, antiga morada do genro do Barão de Ceará-Mirim. O Coronel Onofre Soares renunciou, assim, a sua própria casa para fixar residência no prédio senhorial do Engenho Cruzeiro de sua propriedade. Gesto digno de registro pelo exemplo comovente de desprendimento pessoal e espírito de colaboração com a nobre causa.
Como ele, tantos outros que não devo mencionar-lhes os nomes para que a memória não cometa, involuntariamente, injustiça de omissões, ajudaram com o apoio moral e material para que esta obra de tornasse uma realidade.
Os anos decorridos ao longo dos tempos, contam o prosseguimento desta história, cujos resultados somos testemunhas presentes. O antigo embrião triunfou sob as mãos cuidadosas das irmãs Franciscanas do Bom Conselho, ontem dirigidas pela irmã Maria Gabriela, de saudosa memória e hoje pela irmã Maria Regina Pacis e suas dedicadas colaboradoras. A missão de conduzir esta obra no longo espalho de meio século não é menos meritória do que o gesto de sua criação.
Um dos grandes benfeitores do Ginásio Santa Águeda
Major Onofre Jose Soares Junior

Celebramos nessa homenagem de Jubileu de Ouro, mais do que tudo, a continuidade produtiva, os louros alcançados, a capacidade de multiplicar benefícios, de crescer, de consolidar através dos anos o que, na verdade, foi feito para triunfar sobre as vicissitudes, para perenizar seus frutos.
O povo de Ceará-Mirim deve às administrações do passado e do presente deste Colégio, um pleito inestimável de gratidão pelo muito que deram no sentido do desenvolvimento de sua cultura, no despertar das inteligências jovens e na preparação das gerações para as tarefas temporais e espirituais inspiradas na mensagem evangélica.
São passados 50 anos e é com profunda emoção que relembro o registro de meu nome e de minha irmã Maria Lucia no rol dos primeiros alunos do Colégio recém-criado. A presença de um varão, entre as alunas, fora uma deferência especial, uma exceção sem precedentes na rigidez da tradição que condenava a matrícula masculina nos colégios de freiras. Durante cinco meses, fui preparado em regime de reclusão e proibido de participar do recreio com as colegas, para os exames de admissão ao ginásio a serem prestados em Natal.
Jubileu de Ouro do Colégio Santa Águeda - 1987


Ao concluir estes registros nesta magna reunião que intermeia as festividades do Jubileu de Ouro, a família de Mirabeau Melo, aqui representada por alguns de seus filhos, agradece as manifestações de reconhecimento e aplauso à sua memória, ao mesmo tempo que testemunha e saúda nas irmãs – administradoras e docentes deste Colégio , representadas por essa extraordinária educadora irmã Regina Pacis, a energia, a determinação e sabedoria com que é e sempre será, o nosso vitorioso Colégio Santa Águeda.




sexta-feira, 18 de maio de 2012

FOTOPOEMA NOSSO LAR


Não consegui resistir ao encanto do poema da amiga Mariza Roque (mãe da também amiga Edvane Roque) e o transformei em um FotoPoema com minha singela fotografia...


DE AMOR SEM NOME

Lamparina na janela, cumprindo sinal.
Foi chegando, avistando e se apeando. Ali mesmo, cuidou de amarrar a montaria, escondida nos velames da cerca. De moita em moita, foi tomando chegada no oitão. Cachorrada dormindo com chá de liamba. Tudinho correndo nos bons conformes. Pôs-se detrás do pau d’arco, a dez braças da casa. (...)
Tudo começado por simpatiazinha calada que – mais por arte dela – foi virando namoro escondido. Coisa de longe, embora apaixonada, no modo antigo de sorrir piscos e acenos. Moça presa e vigiada em casa de inimigo, quase nem dando pra trocar suspiro, quem dirá, palavra. E naquilo também se regalava de enganar o sabichão do bicho-de-lama!... 

(...) Arremedou a mãe-da-lua, escritozinho. Nenhuma resposta. Assobiou de novo. Nada ainda. Na terceira, a luz mexeu-se em cruz, depois se apagou. Tudo certinho no combinado. Era agora ou nunca mais!...
Com pouco, pisadas chegando no piçarro do terreiro. Ao seu ouvir, faziam todo o barulho do mundo!... Vultinho formoso dela, trajada de homem, cabelo arrumado em cocó. Moça corajuda, aquela; danada de esperta, disposta no gostar!... No arrocho do abraço, sentiu-lhe o coração desembestado. Mesmo no aperreio da hora, apreciou aquilo, agradecido de tamanha benquerença.
Não dera para arranjar cavalo. Nisso contrariou-se, mas nem quis aclaração. Desistir, fativo que podia; mas ela, de ansiosa, não querendo... Roxim, seu burro, mulo acavalado, era de força e confiança. Sendo ela pequenina...

(...) Informa qual a feição de cara e tope de corpo? Gente conhecida daqui mesmo? Precisando de remediado? Vizinho de divisa quase sempre se inimiza... Alguma razão sabida ou porém segredoso?
Mas qual bisbilhotar, seu coronel!?...Qualquer coisa informada que seja de ajuda, fica sendo da minha inteira conta...Se malpergunto é pelo ofício de rastreador. Pois sabendo donde veio, melhor calculo adonde vai. Como bem, sendo daqui, nascido e criado, conhecedor de atalhos e esgalhos, fica mais dificultoso...

(...) Não se arrelie, que a gente já-já embisaca a parelhinha fujona. Tomara que antes do malcometido. Rastear é arte meio ronceira, mas bem afiançada. Rasto bem seguido finda sempre no fugido. Mas, além de olho e tino, carece de paciência. Teje calmo, pois que, hora dessas, aperreio nunca ajuda.

(...) Taí o pouso! Foi de quando fizeram padarada, no pino do meio-dia; sombreando fresca nesta beira de riacho. Ali se apearam... Acolá aguaram a montaria... Depois se chagaram praqui. Nesse canto, estiveram bem de frente-a-frente...semelha que foi abraço... Espie, somente as pontinhas dos pezinhos dela, aqui entre os dele; salto da bota mais bem firmado. Pelo visto. Quem atracou foi ela!!...
Tá certo coronel, desculpe! Se faz tanta questão, prometo não mais destrinchar revelações de certas miudezas. Deixe ver...Daqui, foram prali... Vige, danou-se! Espie bem daqui, debaixo dessa moita... Ai, ai-ai, que se afigura em desgraça feita, coronelzinho! Ah, foi que foi!... Ficou tudo escrevinhado aqui na arei. Repare que são de machos estas marcas afundadas. Cá estão as duas baixas dos joelhos e as cavas dos cotovelos. Sinais mais rasos são de mulher. Dá bem pra ver o ciscado de calcanhares, o espojeiro dos quartos e até o varrido do cocó!...
Horinha do sol posto, morcegos doidejando, deram com eles, nas capoeiras profundas. Quase chegados na divisa do Paraíso; gemendo sem dor, debaixo doutra moita. Indo longe...
E haja-pau cantou redobrado (...)

O final??
Lendo o livro LUGAR DE ESTÓRIAS de Bartolomeu Correia de Melo

ENCONTRO DE HERÓIS

Bom dia a todos!


Próximo domingo estaremos festejando os 98 anos de Mestre Tião Oleiro. Serão momentos inesquecíveis, quando ouviremos o som do velho pé de bode de mestre Tião, acompanhado, do não menos popular, Mestre Joaquim (89 anos), com seu inseparável cavaquinho. Lembraremos velhas canções do Congo de Guerra, ameaçadas pelo esquecimento popular. Infelizmente, nosso saudoso Mestre Zé Baracho, não poderá está fisicamente conosco, em junho passado, encantou-se e estará cantando seu romances em outras dimensões....




Foto pelos 96 anos do Mestre Tião em maio de 2010.
Mestre Zé Baracho, Mestre Joaquim, Gibson Machado e Mestre Tião.


VIVA A CULTURA POPULAR!


CEARÁ-MIRIM TEM JEITO!!!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

ENSAIO CONTEMPLATIVO

ENSAIO CONTEMPLATIVO LVIII

Paralelas Crepuscular...

FOTOPOEMA

Vendo velhos arquivos, encontrei um poema do saudoso amigo Bartola. Este poema foi presente para um de meus registros fotográficos... Agora, transformei a saudade do mestre em FotoPoema...


CAVACO CHINÊS


O CAVACO CHINÊS

Outro dia estava na praia de Maxaranguape e ouvi um “tingo lingo lingo”... falei para minha filha que era o som do vendedor de cavaco chinês. Voltei ao tempo de menino e corri para localizar de onde vinha o som, daí, comprei alguns pacotes da guloseima e distribuí com a turma que estava proseando no alpendre de casa.
Ninguém conhecia a tal guloseima que me deixara tão eufórico. Expliquei que o cavaco chinês era um tipo de biscoito muito fininho feito de farinha de trigo, e que, segundo o folclorista Teo Brandão, “parece que feita exclusivamente para aguçar a fome - com um baú cilíndrico às costas e a agitar o característico triângulo numa inconsciente aplicação prática da ação do som sobre a secreção salivar, vibrava nesses tímpanos e espremia nossas glândulas salivares enquanto anunciava:
- Ôie o cavaquinho chinês".

O cavaco chinês era muito comum no tempo de minha infância. O vendedor passava pelas ruas tocando seu triângulo feito de ferro e oferecendo a casquinha doce, parecendo casquinha de sorvete, só que muito mais gostosa.

Dizem que o baião de velho “Lua” foi inventado depois ele viu um vendedor de cavaco chinês tocando seu triângulo pelas ruas. Daí, Gozaga introduziu o Zabunda e o triangulo à sua sanfona e deu no que deu.

Ceará-Mirim também teve essa figura tão popular, Inacio Magalhães de Sena, inclusive ele fala sobre isso em seu livro “Memórias quase líricas de um ex-vendedor de cavaco chinês:
Lata passada com tira de couro nas costas, triângulo e ferrinho na mão, eu descia e subia as ruas do Ceará-Mirim. Além do toque “clássico” eu fazia mil variações.

A grande esperança de que vende bagana é o choro das crianças que obriga as mães a comprar. Tinha um velho que gritava assim: “Chora menino, pra comprar cacete doce”!
Outras pessoas por gaiatice, chamavam cavaco chinês de “casca de pau”. E assim, tocando triângulo, eu marquei um período lírico de minha vida. Eu era agente de Deus e grande clown desta mágica terra do rio da água azul”.

Seria muito importante que pudéssemos reviver e saborear as velhas tradições de nossa culinária, tipo, alfenim, mariola, tareco, cavaco chinês, pirulito de pauzinho, rolete de cana, cestinha de castanha e tantas outras guloseimas....essas delícias que  foram se perdendo com o progresso e o dinamismo da cidade. 


Vila do Bispo comemorou o "Dia Internacional dos Monumentos e Sítios"

 


O aluno Adelmo da Escola Básica do 1.º Ciclo de Vila do Bispo da turma 
2.º/3.ºB, apresentando o projeto “Onde se fala Português”, auxiliano 
pelo Artur de Jesus (historiador da Câmara Municipal). 
No palco, compondo a mesa, estão: Exmo. Presidente da Câmara Municipal 
- Sr. Adelino Soares;  Sra. Maria Conceição Câmara (Ceicinha Câmara) 
- criadora e dinamizadora do Blog “Notícias da Lusofonia”, brasileira, poeta 
e ativista cultural e a Diretora Regional de Cultura do Algarve - Dr.ª Dália Paulo.


Comemorou-se no passado dia 21 de abril o “Dia Internacional dos Monumentos e Sítios” com o título “Vila do Bispo, o Cabo do Mundo, lugar de encontros” no Auditório do Centro Cultural de Vila do Bispo, região Algarve - Portugal.




A cabo-verdiana "Diolanda" vestida à caráter.



Através da evocação da partida de uma Caravela, da zona do Cabo de São Vicente, no dia 22 de Março de 1455, que rumou à costa Ocidental de África, mais concretamente à Guiné, fez-se um percurso pelas Descobertas Marítimas Portuguesas e pelo Património Cultural a que deram origem em vários pontos do globo terrestre, pelas visões do Mundo, por parte dos Portugueses e dos Povos por eles conhecidos, terminando com uma reflexão sobre a presença na comunidade local, nos nossos dias, de elementos da Comunidade Lusófona. O grande objetivo deste evente foi a celebração da Pessoa como Monumento e Património. O ponto alto da iniciativa foi a apresentação do projeto “Onde se fala Português” da autoria de 3 alunos da Escola Básica do 1.º Ciclo de Vila do Bispo da turma 2.º/3.ºB que, orientados pelas docentes Andréa Duarte e Ângela Almeida, o fizeram perante uma plateia de 30 pessoas. Os pequenos alunos deram a conhecer, também, todas as informações recolhidas (situação geográfica, clima, bandeiras nacionais, capitais, potencialidades económicas, natureza e a fauna) sobre os Países onde se fala a Língua Portuguesa: Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique e Brasil. Não foram, igualmente, esquecidos os territórios indianos (Goa, Damão e Diu) e a cidade de Macau. Esta celebração, festiva e colorida, da lusofonia foi, ainda, abrilhantada com a apresentação de objetos do norte de Moçambique, com a participação da poetisa "Ceicinha Câmara", de Ceará-Mirim/RN - Brasil, declamando uma poesia de sua autoria, bem como com a declamação de alguns poemas (com especial destaque para os de Fernando Pessoa) por parte de alguns adultos e crianças, relacionados com o tema do Patrimônio Mundial Português no Mundo e com a sua continuidade na nossa Comunidade Local, neste caso de Vila do Bispo.





VEJA A PARTICIPAÇÃO DE 




CEICINHA CÂMARA NESTES LINKS DO 


YOU TUBE QUE ESTÃO ABAIXO:

No 1º vídeo, Ceicinha Câmara (mediadora do blogue: NOTÍCIAS DA LUSOFONIA) foi convidada para participar deste evento, por ela ser brasileira e esta radicada já a 9 anos em Vila do Bispo, pois o grande objetivo deste evento foi a celebração da PESSOA como Monumento e Património. Ceicinha falou um pouco sobre sua cidade brasileira (Ceará-Mirim/RN) e citou algumas coincidências relacionadas entre sua cidade e Vila do Bispo, demonstrando seu amor e carinho por este Concelho da Região do Algarve - Portugal. A Ceicinha estava um pouco nervosa, mas como a maioria do público era composto por crianças da escola primária de Vila do Bispo, ela tentou ser clara, simples e rápida.


Neste vídeo, o Exmo. Presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Sr. Adelino Soares agradece aos presentes e diz à Ceicinha Câmara que... "se ela gosta de cá está, nós também gostamos que ela cá esteja e que fique cá por muito tempo, não só ela, mas todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, são de outros países, mas tem este vínculo conosco, que é a língua portuguesa. Não só a língua portuguesa, mas a forma de estar no sítio onde estamos". Em seguida a Ceicinha recitou uma poesia que conta um pouco da história do Infante Dom Henrique, a mais importante figura portuguesa do início da era das descobertas, popularmente conhecido como Infante de Sagres ou O Navegador.



 FOTOPOEMAS





Daniel Torres
Artista cearamirinense apresentando sua arte para o mundo.


http://in360.globo.com/rn/noticias.php?id=10452



Pérola encontrada nos velhos arquivos...
Jornalzinho manuscrito “A Esperança”, nº 36, publicado em 25 de março de 1907, pelas poetisas Etelvina Antunes e Izaura Carrilho.
O jornal “A Esperança” teve sua primeira edição em 25 de março de 1903. Era manuscrito e exclusivamente editado por mulheres cearamirinenses.
Abaixo um soneto da colaboradora Eunice Rangel..

SONETO
Eunice Rangel

Lucro cantar ao som da tua falla,
Toda a ventura e célica alegria,
Que o meu coração acaricia,
E a doce esperança, que me embala.

E quero ouvindo rios de prazer,
Sob o fulgor do teu olhar ardente,
Recordar o passado simplesmente...
Hei de sonhar, feliz hei de viver.

Será a vida sorridente aurora.
Um perfumoso lyrio – o coração,
Que o orvalho da ventura irrora...

É tarde! A noite é lúgubre e sombria...
Eu apenas pedia inspiração,
Para compor um hinno de alegria.