quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ANA LOURDES E A SAGA DE EMMA


Minha filha Ana Lourdes (5 anos) vem pedindo para conhecer o túmulo de Emma há vários dias. Ela se interessou pela história da inglesinha depois de uma pesquisa feita para escola onde estuda (SECAT).

Pois bem, entreguei o material para que pesquisasse e fizesse as devidas anotações (Ana lê e escreve) sobre a lenda/história de Marcelo Barroca e Emma Campbel e desde aquele dia, ela vem cobrando a visita ao tão famoso túmulo.

Fiz questão de chegar ao local exatamente a tardinha quando o sol inicia sua saída crepuscular. Queria que Ana percebesse o que os enamorados  presenciavam e sentiam quando se deslocavam para a colina todas as tardes. Ela estava encantada por aquela aventura no alto do oiteiro do Verde Nasce...certamente, uma experiência marcante em sua vida!

Eis a história da inglesa Emma:

Marcello Olympio de Oliveira Barroca era filho de Victor José de Castro Barroca e nasceu em Ceará-Mirim no dia 16 de janeiro de 1856 e faleceu em São Gonçalo do Amarante.
Estudou na Inglaterra e lá conheceu a inglesa Emma Campbel nascida em 30 de novembro de 1854. Emma casou-se com Marcello e veio morar no Brasil, precisamente em Ceará-Mirim, no Engenho Verde Nasce.
Em 1880 Emma fica grávida de uma menina e, no dia 07 de fevereiro de 1881, quando está para dar à luz de sua filha, o parto complica e ela vem a falecer.
Marcello manda sepultá-la no ponto mais alto de uma colina na propriedade do engenho Verde Nasce, um lugar especial onde o jovem casal ia todas as tardes apreciar o pôr-do-sol que desaparecia à sombra do canavial. Tal atitude se deu porque a igreja não permitiu que sua esposa fosse sepultada no cemitério da cidade, uma vez que ela era de religião anglicana.
Seu túmulo foi mandado construir com proteção de grade de ferro vindas da Inglaterra e sua lápide foi confeccionada em Mármore de Carrara e trazia inscrito: “Sacred to the memory Emma – the beloved wife – Marcello Barroca. Born November 30 th 1854. Died February 7 th 1881”.
O casal teve uma filha que se chamou Emma Barroca em homenagem à mãe. Quando Emma completou 17 anos, em 03 de dezembro de 1898, casou-se com seu tio (viúvo) Apolônio Victor de Oliveira Barroca. Desse casamento nasceram 04 filhos, deixando descendência: Maria do Carmo de Oliveira Barroca; Jayme de Oliveira Barroca; Clarice de Oliveira Barroca e Maria de Oliveira Barroca.
Muito tempo depois, quando o Verde Nasce já não pertencia mais a família, começaram a surgiu histórias sobre as jóias que teriam sido enterradas com a jovem Emma e, também, começaram a surgir causos de assombrações em que a inglesa aparecia pedindo para que recuperassem aquele tesouro.
Ninguém sabe ao certo se a história procede ou se apenas são causos do imaginário popular. O certo é que o túmulo foi violado e, atualmente, restam os escombros do antigo jazigo. As grades de ferro e a lápide de mármore estão guardadas com os atuais proprietários do engenho.
O diretor da Fundação Nilo Pereira Waldeck Araújo tentou fazer a restauração do túmulo, no entanto, a proprietária do engenho solicitou que ele se retirasse do local e que ela não autorizava tal ação.
É lamentável um caso como esse porque todos esses anos a velha ruína ficou em total abandono, exposta às intempéries do tempo. Esperamos que os proprietários do Verde Nasce, principalmente àqueles da área onde está localizado o túmulo, tenham um projeto que o salve da total destruição, afinal, é um monumento que faz parte da historia daquela região e precisa ser urgentemente restaurado, quem sabe, com isso, a inglesa possa descansar em paz (e nós também!!).
Deve haver uma forma de salvá-lo do total desmoronamento, seria interessante que o poder público o transformasse em patrimônio municipal.

SEU MANOEL DO GELÉIA


Hoje ao entardecer, caminhava pela Rua Dr. Meire e Sá, quando encontrei com seu Manoel do geléia, pedi para que ele me desse um dedinho de prosa, pois tinha intenção de entrevista-lo para meus arquivos de memória da gente de Ceará-Mirim. Marcamos o dia da entrevista e eu lembrei que tinha apresentado o famoso doceiro, ao jornalista Sergio Villar, quando da entrevista para a Revista Preá, nº 20 – outubro/novembro de 2008.

Segue a publicação da Preá- nº 20 – pg. 61.

GELÉIA NA CABEÇA E DISPOSIÇÃO NOS PÉS

Andar três horas ininterruptas é cansativo. Com uma espécie de tabuleiro repleto de doce em cima da cabeça, a situação piora. E quando se é idoso, só mesmo com disposição e saúde. Essa rotina se repete durante 55 anos. Foi vendendo geléia de côco que Manoel  Pereira dos Santos, 73, construiu e sustenta a família de seis filhos.

Antes o doceiro trabalhava no roçado. “Era mais leve”. Hoje, já durante a manhã ele raspa o côco na vasilha junto com o açúcar. O segredo para dar “o ponto” ele afirma ser a pedra úmida – uma espécie de pedra de sal. O côco na verdade, é o “carro-chefe” da produção totalmente artesanal. Mas Manoel Pereira diz que basta ter a fruta que ele faz o doce.

Às 14h ele  parte com o tabuleiro na cabeça. Mais da metade é de côco. O resto dos sabores varia: goiaba, maracujá, mamão. Nem sempre o tabuleiro volta vazio. O doceiro reclama que a geléia já foi mais aceita, sobretudo nas feiras. Uma época mais doce, talvez. Mas seu Manoel não pretende parar. “Enquanto tiver em pé vou estar na rua vendendo geléia”.