Oficina de fotografia realizada pela disciplina de Arte na Escola Estadual Interventor Ubaldo Bezerra de Melo - ação pelo Dia do Estudante - Professor Gibson Machado.
terça-feira, 23 de agosto de 2016
domingo, 21 de agosto de 2016
OITENTA E UMA VÊNIAS PARA MESTRE LUIZ CHICO
OITENTA E UMA VÊNIAS PARA MESTRE
LUIZ CHICO
“Nas
horas de Deus amém. É pade, filho, ‘Sprito Santo. São as primeira cantiga, que
nesse auitório eu canto.
Sai
o Só e sai a Lua, sai as Istrela também, saiu essas Primavera, nas horas de
Deus amém...”
Em 20 de agosto de 1935 nascia
Luiz Chico na comunidade de Matas, distrito de Ceará-Mirim.
Muito pequeno andava entre as
ribeiras do Rio Ceará-Mirim e os terreiros dos engenhos de açúcar, que povoavam
todo o vale, acompanhando os folguedos de Boi de Reis, Pastoril, Lapinha e
Congo. Era um divertimento ver e ouvir as loas de Birico e Mateus, as vênias do
Boi, principalmente, na morte e repartição do animal, quando o Birico, Mateus e
a Catirina, faziam a divisão: “o figo do boi, simamué, esse é de nois dois,
simamué...e o coração, é pra mané João...e a passarinha, pra dona Guidinha...
Assim, quando engrossou o
pescoço, entrou para brincar de daminha no rabo do cordão...evoluiu e chegou a
brincar de Mateus.
A história do Boi-de-reis em
Ceará-Mirim, provavelmente, se inicia com o desenvolvimento da economia
canavieira, pois, há relatos de grupos existentes nos velhos engenhos
primitivos.
O folguedo existente no
distrito de Matas é remanescente de antigos grupos que existiam na ribeira do
rio Ceará-Mirim entre as comunidades de Capela, Matas e Mineiros. Ele surgiu no
início dos anos 1950 com a chegada de um taipuense que fazia a figura do Mateus
e montou o grupo cujo primeiro Mestre chamava-se Zé de Rosa.
A partir de 17 de maio de
1957, com a saída do Mateus, o senhor Luis Chico assume o grupo e, também, a
figura do Mateus, passando a liderar seus marujos até os dias atuais. Durante
esses 59 anos o folguedo tem enfrentado as mais variadas dificuldades, desde a
morte dos velhos marujos até a desvalorização do brinquedo pela sociedade e,
principalmente, pelo poder público que não viabiliza oportunidades para a sua
preservação.
Apesar de todas as dificuldades
o Mestre Luís Chico tem sido um verdadeiro Herói na condução de uma tradição
tão importante para a história e cultura de nosso município.
O Boi-de-reis é formado por
personagens humanos, animais e seres fantásticos. Os humanos são o Mateus, O Birico,
Nanã, os Galantes e as Damas. Atualmente os animais são a Burrinha e o Boi e
representando os seres fantásticos, o Jaraguá.
Atualmente o folguedo tem
sofrido muitas transformações, principalmente no que diz respeito às figuras,
pois já não existe tempo suficiente para suas apresentações. As encenações que havia durante o evento,
também, foram abolidas, pois a duração fica em torno de vinte a trinta minutos,
o que impossibilita desenvolvê-las plenamente, principalmente a moagem do
engenho e a matança e ressurreição do boi.
A representação do boi,
atualmente, limita-se a danças e cantigas, como as cantigas de abertura,
compreendendo saudações e louvações aos “donos da casa”, ao Messias, pelo seu
nascimento e aos Santos Reis; loas declamadas pelo mestre e pelo trio de
cômico, Mateus, Birico e Nanã; apresentação das figuras da Burrinha, Jaraguá e o Boi e as cantigas de despedidas.
Os enfeitados do boi são o
mestre, as Damas e os Galantes. Eles se apresentam festivamente vestidos,
cantam velhas cantigas religiosas, louvações e saudações, além de tradicionais
baianos. O Mestre é o responsável pela brincadeira, é a pessoa que contrata as
apresentações e convoca os componentes do grupo para os ensaios.
Os Galantes, em número de
quatro, vestem-se de maneira idêntica ao Mestre. Durante a representação,
dispõe-se em duas alas ou cordões e realizam evoluções, cruzamentos,
meias-luas, etc. As Damas, em número de duas, são meninos de dez a doze anos,
travestidos de mulher.
A figura principal do folguedo
é o Boi. É o último que se apresenta. Depois que ele sai de cena, cantam-se as
despedidas.
Minha história com o Mestre
vem desde 2000 quando o encontrei pela primeira vez. Foi mais um pai, irmão ou
filho que ganhei. O amor que tem pela sua arte me cativou e, desde então,
mantivemos uma relação fraternal sincera e, com ele, aprendi a amar o simples,
o popular, as tradições de raiz, a valorizar a sabedoria do povo, seus causos,
suas crenças, suas histórias de vida. Aprendi que ser grande, é ser natural,
simples, porém, verdadeiro!
Sempre que posso, passo um dia
de prosa com o mestre, ouvindo e gravando suas histórias, suas músicas, as
loas, os versos...esses dias são alimentos para minha alma e, apesar da
indiferença e discriminação pelo popular, nos sentimos importantes porque, nos
finalmentes, nós, os populares, somos especiais, não importa o quanto os outros
pensem!!
Um dia a história será
testemunha de que valeu a pena lutar pela preservação, valorização,
fortalecimento e reconhecimento das tradições populares e, nossos mestres, Tião
Oleiro, Luiz Chico, Manoel Gomes, José Rodrigues, José Baracho, Maria do Carmo,
Severino Roberto, Belchior, as rendeiras de Jacumã, e tantos outros, serão os
verdadeiros heróis dessa luta!!
Como diz o velho Tapuio:
“Não
chores, meu filho, não chores, que a vida é luta renhida: Viver é lutar. A vida
é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar.
...Um
dia vivemos! O homem que é forte não teme da morte; Só teme fugir; No arco que
entesa tem certa uma presa, quer seja tapuia, Condor ou tapir.
...As
armas ensaia, penetra na vida: Pesada ou querida, viver é lutar. Se o duro
combate os fracos abate, aos fortes, aos bravos, só pode exaltar.”
VIVA MESTRE LUIZ CHICO!!!
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
AULA DE CAMPO PELO PROEMI
Visita ao Sitio Histórico de Ceará-Mirim com alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Edgar Barbosa pelo Proemi - desenvolvendo o projeto "Ceará-Mirim conhecer para preservar"
Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Antigo Museu Nilo Pereira
Antigo Museu Nilo Pereira
Engenho Verde Nasce
Antigo Engenho São Leopoldo
Casa Grande do Engenho São Leopoldo
Casa grande do Engenho São Leopoldo
Engenho Mucuripe
.
ATIVIDADES PEDAGÓGICAS
BOI DE REIS DE MATAS
Em 12 de Dezembro de 2015 fui à comunidade
de Matas durante os festejos de Santa Luzia para apresentar o Mestre Luis Chico
e seu Boi de Reis para alunos do IF Ceará-Mirim. Os estudantes faziam pesquisa
sobre a cultura popular de Ceará-Mirim e o Boi de Reis foi um dos folguedos
pesquisados.
Nesta noite tive a satisfação de
conduzir o boi encantado. Um dos brincantes não veio e faltou quem entrasse
embaixo e dançasse. Aproveitei a oportunidade e conduzi o boi pro terreiro. Foi
uma noite fantástica e inesquecível.
Entrevista com o mestre Luis Chico
Entrevista com a professora Célia
ATIVIDADES PEDAGÓGICAS
BOI DE REIS DE MATAS
Em 12 de Dezembro de 2015 fui à comunidade
de Matas durante os festejos de Santa Luzia para apresentar o Mestre Luis Chico
e seu Boi de Reis para alunos do IF Ceará-Mirim. Os estudantes faziam pesquisa
sobre a cultura popular de Ceará-Mirim e o Boi de Reis foi um dos folguedos
pesquisados.
Nesta noite tive a satisfação de
conduzir o boi encantado. Um dos brincantes não veio e faltou quem entrasse
embaixo e dançasse. Aproveitei a oportunidade e conduzi o boi pro terreiro. Foi
uma noite fantástica e inesquecível.
Entrevista com o mestre Luis Chico
Entrevista com a professora Célia
domingo, 7 de agosto de 2016
Recebendo os livros Ceará-Mirim exemplo nacional Vol. I e II escrito por Julio Gomes de Senna em 1972 e oferecidos pelos filhos do autor José Fernandes Sena (foto) e Nely Fernandes.
SOBRE A CAMPANHA ELEITORAL...
Atualmente é comum publicações
nas redes sociais sobre as convenções que aconteceram no município. Muitos são
os candidatos a representarem o povo nos próximos quatro anos. Cada um candidato,
seja a vereador, vereadora ou prefeito, cada um deles, precisa, pelo menos
teoricamente, conhecer um pouco da história da cidade.
Uma boa sugestão é que leiam
Julio Senna, leiam Ceará-Mirim exemplo nacional Vol I e II. Pelo menos, o
volume I. Apesar do livro ter sido escrito em 1972, orienta como o
representante do povo deve proceder quando assumir o cargo para o qual foi
eleito.
Vejam o escreve Julio Senna:
“O município não é uma simples célula administrativa, mas um órgão de
sindicância, controle e orientação dos problemas locais.
E também não é uma unidade exclusivamente arrecadadora, porque
constitui um sistema econômico, cujas linhas de ação contornam o corporativismo
e findam no desenvolvimento da riqueza particular dos seus habitantes.
O município deixa de ser um usurpador das energias do campo, para ser o
guia da vida rural, permitindo o ressurgimento do camponês no tríplice aspecto
da saúde, da assistência moral e do sentimento cívico.
O município deixa de ser um arrumador de pedras pelas ruas da cidade,
para se tornar o propulsor das industrias locais, estabelecendo-as nos pontos
geográficos aconselháveis, sem visar interesse de ordem puramente suntuária e
avenideira.
O grande mal do município tem sido este: descobrir onde está situada a
indústria, a cultura, a criação, para vibrar-lhes o golpe de morte do imediato
gravame do imposto, da taxa, da sobretaxa...
A massa de produtores dos núcleos afastados só conhecem da prefeitura
municipal, o cobrador de impostos.
(...) A orientação de um prefeito municipal não deve residir na coleta
forçada de rendas inexplicáveis, mas na observação e no estímulo às fontes
naturais de sua produção.
Não é cobrando imposto, exclusivamente, que se aumenta a renda
municipal. O crescimento da receita tem lugar com o aumento da produção
agropecuária e fabril.
(...) O prefeito moderno tem de sair de sua cadeira para verificar a
produção dos campos, a saúde de seu povo, a alimentação de sua gente e a utilidade
do solo de que dispõe o município.
(...) Nenhuma criança poderá estudar, sem beber um pouco de leite.
Nenhum homem poderá resistir ao trabalho numa sociedade desprovida de
vitaminas.
(...) Como órgão executivo, tem sido o município vítima das mais tremendas
decepções, pois que os seus principais agentes funcionais, eleitos ou nomeados,
não têm sido, senão, os políticos malversados em administração, que gastam as
suas verbas, quando muito, em obras mortas de alvenaria ciclópica talvez, mas
alheias ao desenvolvimento de sua indústria, única fonte capaz de produzir
dinheiro para multiplicar a sua receita.”
sábado, 6 de agosto de 2016
SOBRE A ORIGEM DO NOME CEARÁ-MIRIM
Sobre a origem do nome CEARÁ-MIRIM.
Muitas pessoas perguntam a origem
do nome Ceará-Mirim e, também, questionam sobre o nascimento do índio Poti, o
Dom Antonio Philippe Camarão em terras do baquipe. Pois bem, não sei dizer o
que é certo, no entanto, Nestor Lima, no Município do Rio Grande do Norte:
Ceará-Mirim e Currais Novos, 1937 faz a seguinte referência:
“O nome SEARÁ relativo ao rio e à
várzea, que é hoje o afamado centro açucareiro, já era conhecido em 1602, ou
melhor, 1604, quando Jerônimo de Albuquerque concedeu terras a Affonso Alvares (Auto
de repartição das terras do Rio Grande, (Ver. Inst. Hist. Vol. VIII, pag. 30).
Somente 3 ou 5 anos mais tarde,
(1607) é que foi fundada a aldeia do Ceará, por iniciativa dos jesuítas
Francisco Pinto e Luiz Figueira, sob a proteção do chefe potiguar Amany
(Algodão), segundo o des. Luiz Fernandes, (cit. Ver. Pag. 101), e Barão de
Studart (Datas e Fatos para Hist. Do Ceará,
1º vol. Pag. 6). O nome da aldeia resultou do lugar e do rio que os fundadores
deixaram aqui. Mas, o Ceará do norte cresceu e tornou-se capitania e província.
Quando se tratou de mudar, para o povoado “Boca da Mata”, a sede do município
de Extremoz, deu-se à nova vila o nome de Ceará-Mirim, para distingui-la do
Ceará-Grande, como as vezes chamavam o território além de Tibau.
Mas, o que não tem é que o
primitivo nome Seará ou Ceará, pertencia ao rio e a várzea, que
os agentes de El Rey, em 1614, consideravam “muy formoso rio dagua doce, que
alaga a dita várzea” e que daria “muy formosos canaviais”. (Ver. Inst. Cit. Vol.
Pag.9). Ainda existe o lugar Ceará, que fica perto do Tabuão, aonde, diz a
tradição ter sido a taba dos potyguares e nascido o chefe imortal, Poty ou Potyguassú,
posteriormente, D. Antonio Philippe Camarão.”
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